Palavras: Rudá Ricci
"Nós estamos falando de jovens universitários, de 20, 30 anos, em que a infância e a adolescência foram forjadas em comunidades fechadas. Nos últimos 20 anos, a composição das famílias mudou de forma muito radical. Essas famílias têm cada vez menos tempo de convívio. Então, onde esses jovens aprenderam a falar e a se vestir? Nas tais tribos urbanas. Quando surgem os smartphones, essas comunidades ganham um lugar para se expressar. Foram essas comunidades que ocuparam as ruas em junho do ano passado. Eles não sabem o que é espaço público. Por isso, é muito comum os jovens fazerem confissões pessoais nas redes sociais. Eles têm esse sentimento de abandono. Eles se firmam contra a autoridade, contra os abusos e têm uma cultura muito mais próxima do anarquismo. O que vimos em junho é uma crítica profunda das organizações de liderança, verticais. Nós não conseguimos entender. Qual é a reivindicação? São todas aquelas que estão nos cartazes. Cada tribo somada dá uma multidão, mas cada tribo é uma manifestação em si. "
- Rudá Ricci