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    quarta-feira, abril 23, 2014

    Os dragões da maldade contra os habitantes guerreiros


    De: DANIELA NAME

    Uma das subidas do Pavão Pavãozinho fica a uma quadra e meia da minha casa. As outras ficam a duas e três quadras, o que mostra o tamanho e a presença desta comunidade e da favela do Cantagalo, logo ao lado, no fim de Copacabana/início de Ipanema. Estamos falando, em múltiplos sentidos, de fronteiras duras, mas tênues - de Gaza, de gaze.

    Descontados os esgarçamentos e feridas, estou certa de que Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, era meu vizinho. Ele tinha um repertório e um cotidiano mais próximos ao meu do que o de alguns moradores de classe média do meu prédio, certamente. E este vizinho foi morto a pancadas, no início da vida, quando despontava profissionalmente. Espancado até a morte, provavelmente pela polícia.
    Tenho amigos - de pelo menos três familias diferentes - que moram na subida para o Pavão, na Ladeira Saint Roman. Escolheram morar ali. Mesmo antes da UPP, acreditaram na mistura e subiram o morro pra morar melhor - sim, todos têm boas casas. Muito melhores e maiores que a minha.

    Tenho amigos na produção do "Esquenta!", programa do qual sempre fui fã.

    E eu mesma sempre visitei Pavão e seus limites, tanto para ir ao ateliê de Grilo e Adriana, quanto pelo AfroReggae e pela ação de escritores na biblioteca e no (ótimo) teatro que há ali. Também ia sempre no Cosme e Damião, mas é uma festa enfraquecida pelo poder evangélico - que também traz bônus, e não apenas ônus, para a população de lá. Cada um com seu cada qual.

    Por tudo isso desde ontem estou meio anestesiada, sem saber o que comentar.

    Então apenas pergunto:

    É para isso que serve a UPP? Para que existam Amarildos e rapazes começando a vida torturados e espancados até a morte? Para que exista uma Claudia arrastada no asfalto? Para que um menino de 12 anos receba uma bala na cabeça quando estava com as mãos para o alto?

    É uma ação militar, sem melhorias, sem educação, sem troca e sem cidadania, que vai "dar um jeito" nas favelas do Rio? Adianta entrar na favela apenas com uma polícia formada no método e pelos quadros da ditadura militar brasileira?

    Por fim, olhando para o futuro: o que vai ser da Maré, ocupada de forma quase higienista às vésperas do mundial, calada em sua vizinhança incômoda com a porta de entrada da cidade?
    E, por falar em calar, cadê o governador? E o prefeito? E o Beltrame?

    A impressão é que, no dia de São Jorge, a única proteção - abstrata - pode vir dele. Ogunhê.
    Queremos justiça. Achem e prendam os dragões.

    (Daniela Name, 23 de abril de 2014.)

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