Palavras: Martin Amis
Por algum tempo agora tenho admitido a possibilidade de acreditar que a América esteja enlouquecendo. De sua própria maneira. E por que não ?
Os países enlouquecem como as pessoas enlouquecem; e por todo o mundo países se esparramam em sofás ou quedam-se em quartos escurecidos mascando dihidricocodeína e Temazepam ou passam o tempo em banhos ferventes ou retorcidos em camisas de força ou parados em pé batendo as cabeças contra as parredes acolchoadas. Alguns foram loucos durante todas suas vidas, e alguns enlouqueceram e depois melhoraram novamente e depois enlouqueceram novamente. América: a América já tivera suas neuroses, como quando tentara largar a bebida, como quando começara a descobrir o inimigo interno, como quando pensara que poderia dominar o mundo; mas sempre melhorara novamente. Mas agora estava enlouquecendo, e essa era a condição necessária.
De certa forma ela nunca fora como outra parte. A maioria dos lugares são simplesmente algo, mas a América tinha também que significar algo, daí sua vulnerabilidade - ao faz de conta, à falsa memória, ao falso destino. E finalmente parecia que cessara o combate alucinante com a ilusão, e a América perdera.
- Martin Amis
"Campos de Londres"
tradRicky
"Campos de Londres"
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