Ziraldo desmontado

É estranho ver as paredes sem nada
nuas
brancas
onde perfilara os quadros
que fui sequenciando por tantas horas em minha cabeça e nos papeis e nos layouts e nos diagramas e na tela do laptop e por onde passearam os olhares de pessoas e recriou-se a historia dos traços de um artista

de novembro a março habitei praticamente diariamente no universo desses desenhos.
virei eu mesmo personagem ziraldiano
com pés de ferro de passar
e dedos grandes nas mãos

agora acabou dissolveu-se as figuras voltaram para suas gavetas e as sequencias criadas deixam de existir. resta um catálogo impresso.

e as fotografias das crianças brincando lendo vendo correndo
pelo museu