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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    quarta-feira, outubro 11, 2006

    Palavras

    Naquela noite vi mendigos esfarrapados dançarem como duques austríacos, enlançando a cintura de patricinhas ipanemnses enquanto septuagenárias de cabelo roxo balançavam até o chão, cortejadas por moleques de bermuda e parafina no cabelo.

    Nos botecos, camelôs trocavam confidências com guardas municipais que prometiam: "Rapa nunca mais"! Mauriçolas do mercado de capitais rasgavam suas gravatas e bebiam no copo de adolescentes anarquistas com o Che estampado nas camisetas. Membros da Raça Rubronegra, TJV, Young Flu e TJB entrelaçaram as mãos e evoluíram meigos, cantando uma canção de amor sobre um tapete de santinhos estrelados. Aproveitando o embalo, lutadores marombados nocauteavam o pudor e rolavam no calçadão, entre beijos apaixonados com gosto de açaí e granola. Do outro lado, as moças pirilampavam, dando mole sem medo do dia seguinte. Militares aposentados subiam para dançar no baile do Pavão e os soldados da laje baixavam as armas. No céu, pípas voavam sem dono.
    (...)

    No domingo retrasado, votamos sob um silêncio fúnebre. A eleição e a espera dos resultados transcorreram na mais "absoluta normalidade", quase como não tivessem acontecido. As ruas limpas, quietas, sem a mixórdia dos anos anteriores.

    Não vi sequer um adesivo de candidato a presidente preso no vidro deum carro ou numa janela. Só me lembrava que haveria uma eleição pelos hpmens-door, os sujeitos que são pagos para ficar segurando cartaz na rua - e aí pelo menos grande parte dos candidatos já cumpre a promessa de gerar empregos.

    Em 2006 o grito ficou preso e nenhum bloco saiu na rua: todos votaram constrangidos, quase envergonhados, encarando os pés com as maos enfiadas nos bolsos. Da comoção à indiferença de ombros encolhidos, apenas longos quatro anos. Hoje em dia, seja lá o que aconteça na urnas, é como se houvesse a nossa frente um grande e profundo nada: somos um bando de céticos, dançando um baile sem música.

    Saudade enorme daquela noite, quando éramos todos inocentes.


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