Debateboca
O debate?
Achei que Alkmin levou a melhor.
Ele partiu para o ataque direto e Lula por conseguinte ficou se defendendo.
Em algumas ocasiões transformou suas defesas em contra-ataques
mas o ritmo do debate acabou ditado pelo chuchu.
Lula começou nervoso e no final é que foi se soltando,
em seu característico estilo ironico paz-e-amor-e-cutucada.
Mas percebe-se que Lula está enferrujado.
Ultimamente anda mais falando do que ouvindo,
e isto está lhe pesando.
Deveria ter feito mais algumas coletivas com a imprensa,
para ir retomando a prática de ser questionado.
Mesmo aquela coisa totalme3nte Lula que ele tinha,
de conseguir se comunicar direto com o espectador,
de criar identidade com o povão,
não pintou o debate: falou mais para o Alkmin e não olhava na câmera.
Alkmin, por sua vez, o insípido, deve ter tido um bom treinamento (Lula falou em aulas de psicodrama) e falou olhando no olho (camera) do espectador e dirigindo-se diretamente para ele: "você, que está aí na sua poltrona".
Por exemplo: Lula conseguiu encaixar um bom golpe quando, ao ser questionado sobre gastos com publicidade, disse algo assim "Alkmin não deveria nem tocar nesse assunto de gastos com publicidade. É só lembrar do Nossa Caixa". Mas deixou o golpe no ar. O espectador comum não sabe o que é isso. Ou então não se lembra. Lula tinha que ter emendado o tapa de direita logo com um punch de esquerda, detalhando o caso de corrupção que envolvia seu adversário.
Lula esqueceu que o debate ali era entre ele e Alkmin mas na verdade era para o público.
Aliás, ambos esqueceram do público. E principalmente da utilidade pública.
E isso me deixou decepcionado com o debate na Bandeirantes.
Como bateboca, foi ótimo, movimentado, paulada pra todo lado.
Como debate esclarecedor para o eleitorado...
Mais porradas do que propostas.
Lula conseguiu colocar bem que seu governo melhorou alguns aspectos do país.
Mas não disse nada do que fará no segundo mandato.
E Alkmin, mais uma vez, não conseguiu adiantar o que será o seu programa de governo.
Só disse o que não vai fazer (ou seja, nada do que Lula diz que fará).
É triste porque o "pais dividido", como bois de parintins, entre o azul e o encarnado, se cinde cada vez mais.
Se cinde e se ressente de colocações firmes
ao invés de palavras vazias.