Travessia
Neste fim de semana fiz uma travessia sob características peculiares.
Chova torrencialmente
como uma cortina de gotas pesadas
Havia uma neblina em volta
onde os objetos que passavam
navios e ilhas
eram cinzas mais escuros dentro do cinza esparramado
Na barca, lotada, entre as várias pessoas que navegavam
iam o diretor global Jorge Fernando e sua família,
morador da ilha, na maior empolgação
uma excursáo da prefeitura de uns 40 a 50 integrantes de um grupo da Terceira Idade
que corriam pelas cadeiras como se fossem da primeira idade
cantando e pulando marchinhas de carnaval
um grupo de ex-jogadores da Seleção Brasileira de 1970
Rivelino, Piazza, Brito, Gérson, e outros,
paramentados em ternos cinzas
(que função iriam fazer em paquetá? não sei...)
e os seresteiros de conservatoria
que estes sei se apresentariam numa praça à noite de luar
(luar, caso a chuva vá parar, mas noite e seresta há de ter)
Num andar do Santa Rosa o carnaval dos velhos uníssonos
se esta porra não virar oleleola eu chego lá
na proa de outro andar a viola e as vozes entoantes
a deusa da minha rua tem os olhos como a lua
Chuva e vento e a barca avançando lentamente como num sonho onde as formas da névoa vão emergindo
e aos poucos os grupos acima se mergindo
e os violeiros tocavam marchas para os velhos dançarem aos gritos
jogadores e o diretor também se empolgavam chegando perto
e os passageiros passavam olhando cantando
e a ilha chegava perto
e o tempo passava saudosista
pierro chorando pelo amor de colombina
na multidão da minha travessia.