Embarcando no terror
Não falei? Agora estão aí - além de todos o caos em aeroportos e na vida das pessoas - dez mil malas calculadas extraviadas.
Reação exagerada - ou interesseira - a um plano terrorista, real sim, mas ainda longe de ser implementado.
Pode ser que rotinas de embarque em aviões se normalizem nos próximos dias, mas anunciam que algumas dessas medidas emergenciais se tornarão permanentes.
Todo mundo terá que tirar os sapatos, que passarão por raio-X.
(Todo mundo? Duvido que grandes autoridades e vips passem por este constrangimento.)
Outra medida inócua.
O maquinário atual da maioria dos aeroportos não tem raios-X capazes de detectar laminas de metal em sola de sapatos,
um sistema bem mais sofisticado do que o atual.
Deve ser mais uma medida de disuassão do que de solução. Tipo blitz da PM nos locais de praxe.
Além disto, um terrorista que fosse minimamente esperto, se quisesse embarcar com uma arma oculta no sapato
não levaria faca ou lamina de metal (os metais nunca foram amigos de raios-X) e sim uma lâmina de cerâmica
que tem o mesmo efeito cortante e passando desapercebido.
Os passageiros enfrentam esse mar de chulé por nada.
Outra: essa história de proibir o embarque com aparelhos como celulares, laptops, ipods, etc,
pode ser deterrente mas não é determinante.
Esse célebre explosivo TATP (que detonou essa onda paranóica)
que pode embarcar oculto em líquidos e depois ser acionado a partir de baterias de aparelhos
pode também voar pelos ares através da fricção (é só esfregar bastante) ou com níveis de calor (usando isqueiros, fósforos, etc).
Pode ser acionado também com centelhas de energia elétrica e para tal basta ir no banheiro do avião e desmontar uma tomada.
Por tudo isto continuo com a impressão de que essas mega-operações de segurança
tem como objetivo aparente a real segurança de passageiros e tropulação diante de ameaças terroristas
e como objetivo subjacente potencializar a paranóia e o pavor da pessoas tornando-se aptas a serem conduzidas pelos caminhos do neo-con-terror.