E se Portanova trabalhasse no JB?
Jogar duro quando não se está envolvido diretamente na partida é diferente.
O sequestro de um jornalista para se conseguir veiculação de vídeo em televisão eleva o terror em SP a outro patamar.
Aos que menosprezam a organização do PCC, esta aí uma tática nitidamente de grupo terrorista.
A ação resultará em inúmeras discussões (com poucos resultados, como sempre)
mas num primeiro momento, antes de quaisquer outras ilações, tratou-se da vida de uma pessoa humana.
O PCC já demonstrou que passa o rodo mesmo: o jornalista da Rede Globo poderia morrer a qualquer momento.
se a Globo vacilasse, matavam mesmo.
Portanto, houve quase um consenso entre os especializados em jornalismo ou em segurança de que a emissora agiu certo ao veicular o video, principalmente por jogá-lo para a madrugada.
Menos entre os diretores do JB.
Este jornal abriu um editorial em primeira página (caso raríssimo) para proclamar
Alexandre Calado foi devolvido às ruas diante do prédio da emissora. Trazia a exigência dos criminosos: a divulgação de um manifesto que reinvindica mais privilégios para os bandidos. Lastimavelmente, a Globo curvou-se à imposição. O JB não negocia com delinquentes. Prefere exigir que as autoridades cumpram seu dever, até porque a vez do Executivo não vai demorar.
Quer dizer, respondendo à pergunta do título: o jornalista estaria morto. Transformado em mártir da firmeza diante da violência.
O que deve ser alentador para os jornalistas do JB, que já estão lá espremidos numa redação e recebendo salários com atraso.
ps
Tanto auê, tanta tensão, para divulgarem um vídeo que... bem, é razoavelmente produzido, mas o PCC, com essa janela forçada na Globo (com irradiações para o resto da imprensa) poderia ter aproveitado melhor a ocasião. Não foi uma mensagem para o grande público, e o recado para as autoridades - a remoção do RDD - é uma meta difícil
(se bem que com essas autoridades paulistas...)
MARCO AURÉLIO
(Porto Alegre, RS)