MONDAY, MONDAY
De volta, de viagem, deitado na rede fecho os olhos para a paisagem e percorro os fatos da semana conforme a imprensa amontoada sobre a mesa de trabalho os apresentou em meio aos anuncios de bancos e imobiliárias e promoções de natal e homens e mulheres sorridentes com produtos nas mãos.
Estou perdendo meu tempo
tentando acompanhar os tempos
na superfície então a escumadeira recolhe apenas um rebotalho de barbárie.
Páginas e páginas de tiroteios e balas perdidas e seres se perdendo e guerras de gangues e gangrenas de verbas pelas pústulas da ganancia & corrupção.
As fotografias mostram novas (e já velhas) cenas de iraquianos torturados pelos seus invasores/libertadores. Mostram a menina palestna de 13 anos com uma boneca improvisada de panos nas mãos. Ela andou para brincar um pouco além dos limites do campo de refugiados de Rafah e foi alvejada por soldados israelenses.
Um alvo fácil em campo aberto a quase 100 metros de distancia. Acompanhando a imagem e a morte a transcrição da gravação das comunicações entre os soldados.
- É uma menininha. Ela está correndo defensivamente para o Leste.
- Estamos falando de uma garota de menos de 10 anos ?
- É uma garota de cerca de 10 anos, que está atras do aterro, morrendo de medo.
(tiros)
- Acho que uma das posições a abateu.
- Eu e outro soldado vamos chegar mais perto para confirmar a morte.]
Uma patrulha de aproxima do corpo da menina. Um capitão descarrega todo o pente de sua arma quase a queima-roupa. Ao ser enterrada, mais tarde, Iman al Hams levou consigo 17 balas no cadáver.
Receba o informe: atiramos e a matamos. Eu tambem confirmo a morte. Câmbio. - disse então o capitão.
Aqui é o comandante. Qualquer coisa que se mova pela área, mesmo que tenha tres anos de idade, deve ser morta. Câmbio.
Cambio e desligo.