SUPERTOGA
Tenho um heroi novo agora e não é o Capitao Sky.
Seu nome é Paulo Jorge e ele é juiz da Primeira Vara Federal de Guaratinguetá, interior de São Paulo.
Há duas semanas PJ concedeu uma liminar determinando que o Exército entregue ao seu órgão os documentos "secretos" relativos à repressão durante a ditadura militar, para que uma comissão determine se devem ou não permanecerem em sigilo.
Na semana passada estendeu o efeito desta liminar à Marinha, à Aeronáutica e à Abin.
Nesta semana entrou com uma liminar estabelecendo que a reparação financeira aos perseguidos políticos, que em alguns casos estão alcançando somas astronomicas, tenha um teto de R$ 2400 por mes ou R$ 100 mil nos acordos de recebimento único.,
Este último é um assunto sobre o qual posso me permitir escrever com amplo conhecimento, pois eu mesmo poderia fazer jus a estar recebendo essa reparação/indenização.
Estimulado por companheiros, cheguei a entrar com papeis num processo-requerimento.
Mas não acho que seja justo. Não levei o processo pra frente.
Primeiro, creio que a indenização deva ser paga para quem (ou aos parentes de quem) teve sua vida realmente destruída
e não incomodada ou obstaculizada.
Segundo, embora as ações tenham partido do Governo da época, o dinheiro está vindo do Governo de agora, ou seja, é dinheiro do povo.
Tudo bem, existe o argumento de que se não usarem pra isso vão usar pra outra coisa que não tenha nada de util, ou vão embolsar essas verbas mesmo, ou nem acabam usando pra nada e acaba caindo nas tais contingencias, ou indo reforçar o superavit do FMI.
Mas não me sinto bem.
Se fosse o caso de alguns dos milicos que tiveram relacionamento direto comigo, ou com minha companheira, ou que tiveram influencia sobre minha vida, ou seus comandantes imediatos, ou os planificadores e executantes da repressão ditatorial
se esses tivessem que coçar o bolso e me pagar uma grana
isto eu aceitaria com o maior, mas o maior dos prazeres
de preferencia uma bela fortuna
que fosse lhes fazer falta e empobrece-los.
Como não, tendo a concordar com as palavras de Paulo Alberto Jorge:
Não é possível conceber que alguem que foi perseguido político porque lutava por um mundo melhor, mais justo e menos opressor hoje não tenha mais qualquer compromisso com este tipo de postura e pense exclusivamente no seu benefício pessoal, pouco se lixando com a sociedade que um dia quis libertar , dela exigindo e aceitando o oneroso pagamento de indenizações.
Enfim, cada um age como achar melhor...