PALAVRAS
Neste ano e meio o país já se acostumou a receber as palavras de Lula com altíssima dose de condescendência, dada sua dificuldade para relacioná-las a seus reais significados na língua portuguesa.
Toleram-se muitas inadequações cometidas por parte do presidente, não por gosto ou exaltação a inconveniências, mas por consentimento tácito ante à evidência e imutabilidade das limitações.
Conviria, pois, que a mais alta autoridade da República retribuísse, em respeito, a indulgência que lhe é concedida. Se não respeito ao discernimento e à inteligência das pessoas, pelo menos respeito às palavras e a seus reais significados.
O presidente dá-se à informalidade de considerar ''um bando de covardes'' os jornalistas que não defendem o Conselho Federal de Jornalismo, numa confusão de conceitos que inverte gestos e intenções.
Coragem é preciso para discordar de governos, criticá-los e viver ao largo de suas concessões de poder, dinheiro ou informação.
Para aceitar a tutela do Estado, reivindicar dele a segurança do controle de normas para suprir a carência do prestígio não obtido na profissão, a covardia basta.
- Dora Kramer
"Bando de que?'"
"Bando de que?'"