PALAVRAS
Quando o "momento de transição" ocorreu em Bagdad, era um segredo tao bem guardado que nem o colega de armas Tony Blair sabia. (..) Uma cerimonia furtiva de cinco minutos, com aviso previo de meia hora, antecipado em dois dias, numa "sala comum" no escritorio do novo primeiro ministro iraquiano, sob forte esquema de segurança, com atiradores sobre os telhados adjacentes dentro da Zona Verde fortificada. (...)
Alem de Paul Bremer, nao se via nenhuma autoridade americana significativa, apesar do Presidente, do Secretario de Defesa, do responsavel pela Segurança Nacional e o Secretario de Estado americanos estarem todos na Turquia, a 90 minutos dali. Nao havia representantes de outros paises. Nenhuma bandeira. Nem bandas. Nem multidao comemorando. Nem tropas marchando. Nem fanfarras. Nada. E duas horas depois, Bremer, outrora vicerei do Iraque, suas botas do deserto guardados na mala, deixava o país num C-130. Nao esperou nem mais cinco horas para o juramento de posse da nova administraçao interina.
Isto esta sendo vendido aqui como um estratagema brilhante para driblar a insurreição iraquiana, uma "jogada para evitar disturbios", ou como prova de que a administração interina estava mais do que preparada, mas a palavra que mais se adequa a este momento, na verdade, eh humilhação. Humilhaçao ignominiosa. (...)
Voce nao vai ler isto no seu jornal diario ou ver no noticiario do horario nobre, mas te asseguro que o que estamos testemunhando em camera lenta eh provavelmente uma das maiores derrotas imperiais da historia.
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