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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)


  • quarta-feira, junho 02, 2004




    É incrivel como as mulheres, por todo o mundo, precisam ainda tanto lutar para serem reconhecidas como iguais aos homens, embora com diferenças.
    Nos paises onde os regimes islâmicos cairam no fanatismo fundamentalista
    a situacao das mulheres é horripilante.

    Causou comocao ao mundo historias da mulheres emburcadas quando interessou à mídia ocidental desmascarar e desacreditar os talibãs do Afganistao. Passaram-se meses, os afegaos foram pro esquecimento, e o regime mudou mas para as afegãs as mudanças foram poucas ou nenhuma.

    E na Arãbia Saudita, governada por amigos tão próximos ao americanos e principalmente à família Bush, uma mulher - como no estereótipo - continua valendo menos que um camelo.

    É por isso que se reveste de tanta importancia e simbolismo o caso de Rania al-Baz, famosa cantora e apresentadora de TV. Quando seu marido lhe cobriu de porrada, num espancamento que provocou 14 faturas faciais, desfigurando-a ao esmurrar sua cara no chão várias vezes ela nao deixou por menos. Do hospital, botou a boca no mundo e sua cara nos jornais.
    Um fato único nesse mundo árabe.

    Como ela chegou ao hospital? O marido pensou que tinha matado e levava seu corpo pra desovar numa quebrada. No meio do caminho ela começou a gemer, ele se apavorou, passou no primeiro hospital e jogou o corpo da mulher na calçada em frente.

    O marido também é cantor famoso, conhecido como Waad
    (alguma semelhança com nossos pagodeiros?).
    Esta semana finalmente foi condenado a uma pena relativamente leve:
    seis meses de cadeira e 300 chibatadas.
    Mas é a primeira vez na terra saudita que um marido é condenado por espancar a esposa.

    Porque a vítima era famosa. As demais mulheres sofrem em silencio sem nenhuma minima possibilidade de recurso a expor seus martírios.
    Martírios pelas quais passam também milhares de brasileiras.

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