HASHIMBUM
Então tudo se concentra nisso, nesse universo do evento. As horas e os dias são esmagados pela necessidade de fazê-lo acontecer.
Mesmo fatos pessoais de enorme importância são tangenciados.
Minha cachorra morreu e não pude fazer nada.
Ana & Luke foram enterrá-la.
Naquele momento eu vivia outro drama: junto com a viúva do Redi, mexíamos nas coisas no recém-falecido escolhendo o que poderia entrar numa exposição. E imediatamente seguiria para uma entrevista com José Dumont, pegar as obras com Jaguar, revisar toda a programação do evento para um folder na bica de ser impresso, fechar o layout da exposição nas Arcadasm dar entrevista para a Vejinha, pegar e escolher as obras com Aroeira, tentar desempacar os trâmites de um seguro, etc etc
Hash foi uma companheira nossa por 10 anos. Foi uma herança ao contrário (de filha pra pais), pois era de Letícia nossa filha que ao sair de casa deixou sua parte canina. Depois Lê foi pra Inglaterra e ainda ficamos com um dos filhos da Hash que é o Jongo.
Era uma cachorra muito chata, teimosa e que teve problemas de alergias e outras doenças durante toda a vida. Fedia muito. Nos últimos anos desenvolveu um tumor sério. Foi operada mas não adiantou.
A sorte foi ela ter mudado para Paquetá onde trocou a vivência apertada e presa em apartamento por um quintal enorme e uma ilha inteira para percorrer. Lugares para explorar e muitos cães de rua para conhecer. Teve um carnaval em que ela, tal e qual um malandro humano, sumiu no fim da tarde - e só voltou no dia seguinte.
As pessoas me viam passando em Paquetá com uma mancha preta atrás de mim e não era a minha sombra e sim a Hash trotando. Agora vive no meio do mato, no alto de um barranco, inaugurando o nosso pet cemetery.