Sentei num banquinho de um largo imenso, deserto, sem ninguem. Soh o vento passando e cantando entre os galhos das arvores. Folhas varridas pelo patio riscam uma quadra vazia como giz em quadro-negro.
Depois, em frente ao mar. Ondas batendo, alguns barcos, poucas garcas, o vento arrufa a agua, as garcas imoveis balancam nos barcos. O mar eh cinza-esverdeado. Cesaria Evora cantando dolente ao fundo.
E eu pensava e pensava
o que vai ser deste pais?
e essa gente toda, se agarrando a esperancas, o que vai ser desse povo se arrastando ha seculos pra chegar numa praca e montar a sua banca, enfeitada com as flores do capricho, e no meio da algazarra da feira sorrir satisfeito e pensar "essa barraquinha eh minha" ?
pensei em quarup e em viva o povo brasileiro e em os sertoes
e eu queria e eu queria tanto
que nao virasse tudo uma merda fumeguenta e que em algumas historias as lutas tivessem um final feliz
eh a sede e muitos seculos de sede e algumas gotas de agua tem que pingar do acude represado no teto pra chegar nas bocas ressecadas de gritos da brasileirada no porao
sou dos que ainda se lembram eram os anos 60 e as pessoas fervilhavam de entusiasmo & criatividade pensando que estavam construindo uma nacao um pais chamado brasil que era o pais do futuro e quando o futuro chegou na calada da noite vinha com correntes de escravos e tapa-cerebros de imbecis consumistas e sorridentes
eh possivel os sentimentos voltaram. mas eh possivel o futuro retornar?
quero o meu futuro de volta.
esse que me deram nao era bom