O debate final entre os candidatos à presidencia do Brasil transcorria na TV mas agora minha atenção junta-se à atenção de grande parte do mundo para os acontecimentos num teatro em Moscow. Acompanho agoniado as noticias - meia-noite agora era o prazo dado pelos chechenos para começarem a matar reféns. O prazo passou para as seis horas da manhã (cito horas de Brasília).
O que vai acontecer? Aguardo noticias agoniado pelo destino das 700 pessoas que foram assistir a uma peça de teatro e viraram personagens no teatro da guerra.
Mas nada também deveria ter acontecido às 30 mil pessoas que morrem por ano nessa invasão insensata da Chechenia por tropas russas de ocupação. Para as autoridades russas a posição oficial é a de que a guerra acabou, foi ganha, e Chechenia continua parte do império fragmentado da ex-UNiáo Soviética. E agora a guerra ao invés de finda, chega à soleira de suas próprias portas.
Não há como concordar mas náo há como náo admirar a ação audaciosa do grupo que tomou o teatro e a atenção do mundo. Os alvos civis deveriam ficar de fora. Mas como explicar isso para as mulheres com os rostos cobertos e bombas atadas ao corpo que ameaçam explodir tudo, se a noção de vida que tem foi desvalorizada pela perda de maridos, pela perda de filhos, pela perda de sua terra?
Os chechenos seráo assassinos (de quantos?) Assim como a própria KGB assassinou mais de 300 pessoas, explodindo deliberadamente um conjunto de apartamentos em Moscou, como pretexto para detonar a invasão da Chechenia.
É inevitável que Putin, o durão ex-KGB, mande invadir o teatro e muita gente vá morrer. O pedido de fim à guerra, pelos terroristas, é por demais idealista para os machões do poder. Paz é sinal de fraqueza. Negociar é sinal de fraqueza. Ninguem abre mão.