Trump, o troll
RUDÁ RICCI
Bom dia. Prometi um fio sobre Trump a partir do capítulo 4 do livro Os Engenheiros do Caos. Resolvi retornar ao Trump a partir da conversa com Lula. A tese do livro é que Trump é um troll. Lá vai:
Troll é a denominação que se dá no mundo da internet para um provocador que semeia discórdias nas redes sociais e busca desestabilizar discussões e comentários. Muitos dizem se tratar de um vandalismo online.
Trump inaugurou publicamente este estilo troll quando passou a questionar a nacionalidade de Obama, em 2010, na esteira do que um grupo denominado "Birthers" disseminava nas redes sociais. Trump chegou a oferecer uma recompensa caso Obama comprovasse sua nacionalidade
A história ficou mais grave quando Steve Bannon percebe que os gamers eram uma massa de manobra pronta para atacar qualquer um. Bannon convence a Goldman Sachs a investir na Internet Gaming EntertainmentI (GE), que explora a popularidade do videogame World of Warcraft
A partir daí, Bannon se associa a Andrew Breitbart, jornalista extremista que cria um discurso de ódio contra o que dizia ser um complô do partido democrata. Denominava o complô de "Democrat Media Complex" e dizia ser uma máquina de guerra cultural
Breitbart cria um site noticioso que tinha por objetivo criar um ambiente de contextualização de notícias, tendo como foco temas ácidos como imigração, terrorismo e a crise dos valores tradicionais. Com a morte de Breitbart em 2012, Bannon assume sozinho o controle do site
Em seguida, Bannon funda o “Government Accountability Institute” que passa a investigar o instituto “Clinton Global Iniciative”. O instituto de Bannon faz inúmeras investigações contra Clinton que acabam se tornando um livro
E é neste momento que as pontas se unem. Em 2013, gamers violentos atacam em massa Zoe Quinn, que havia desenvolvido um videogame que retratava a depressão, algo que ofendia os “gamers raiz”. Criam o movimento "gamergate". Steve Bannon percebe a oportunidade
Entra em cena Milo Yannopoulos que havia fundado uma revista dedicada às novas tecnologias. Milo percebe o movimento envolvendo gamers e Bannon, então, o convida para comandar a nova seção do site “Breitbart Tech” para mobilizar este exército
Milo cria um objetivo político para os gamers tendo a defesa da liberdade de expressão como mote e a defesa da candidatura de Trump, afirmando ser o único que poderá assumir o combate ao establishment.
Lembremos que, em 2018, a campanha de Bolsonaro procurou copiar este expediente e chegou a articular gamers e influencers.
A partir daí, Trump assume de vez o discurso troll e passa a se postar como líder dos gamers. Ao oficializar sua candidatura à Presidência dos EUA, Trump discursa contra imigrantes mexicanos e sugere que seriam estupradores
Em seguida, Trump ataca um herói de guerra, John McCain, e logo desmente, descaradamente, o que disse. Passa a assumir este expediente de ataques e desmentidos ininterruptamente, confundindo jornalistas e democratas. Algo que Bolsonaro também copia.
Finalmente, a campanha de Trump consegue criar um ambiente tão elétrico e concentrado nele e na defesa do trabalhador branco, misógino que se sente acuado pelo discurso "politicamente correto" que transforma a campanha democrata numa bolha
É este Trump que começa a negociar com Lula. Não se trata de uma pessoa com "papo reto". Seu discurso é tortuoso e sua técnica de negociação é fundada no exagero e imensa agressividade. Portanto, cautela neste momento.
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