Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital.
Desagua douro de pensa mentos.
quinta-feira, junho 05, 2025
Briga entre Trump e Musk é colonoscopia nas entranhas do poder nos EUA
LEONARDO SAKAMOTO
Quando
Elon Musk postou em sua conta no X, sua rede social, que o motivo de
não terem tornado públicos os arquivos do empresário pedófilo Jeffrey
Epstein é que Donald Trump aparece neles, dando a entender que o
presidente era parte das festas regadas à exploração sexual de crianças
traficadas, estava selando o fim do seu bromance com o presidente dos
EUA. Pelo menos, por enquanto.
O
estrume lançado no ventilador de parte a parte, contudo, tem seus
benefícios. Não é todo o dia que temos uma colonocopia, o exame que vai a
fundo nos intestinos, das entranhas da extrema direita do império.
A
extrema direita brasileira, que já bajulou ambos incessantemente, deve
ficar com o presidente por razões óbvias. Ele tem o poder político de
fato e pode continuar fustigando o Supremo Tribunal Federal, onde Jair
está sendo julgado por golpe.
Mas
na briga entre Trump e Musk, deveríamos querer que as partes divulguem
mais informações, pois elas trazem verdades. E ajuda a entender como a
política funciona. E a força do dinheiro, do ressentimento e da
importância da saúde mental.
Não
que esse tipo de divórcio não aconteça desde sempre, produzindo muito
barulho quando alianças são rompidas. Mas, desta vez, tudo é feito
usando as redes sociais dos próprios envolvidos - o X, de Musk, e a
Truth Social, de Trump - como armas.
O
bilionário saiu do governo (onde seu papel era demitir em massa
servidores públicos e enfraquecer o Estado) atirando no projeto de
orçamento de Trump, que vai cortar impostos de ricos e deve explodir o
déficit público. Chamou-o de "abominação repugnante". O projeto, no
caso. Detalhe: a proposta corta um benefício fiscal para quem comprasse
carros elétricos da Tesla, sua empresa.
"A
maneira mais fácil de economizar bilhões e bilhões de dólares em nosso
orçamento é encerrar os subsídios e contratos governamentais de Elon
Musk", respondeu Trump. "Sempre me surpreendi que Biden não tenha feito
isso!" Uma das maiores prejudicadas seria a SpaceX.
O
presidente disse que foi ele quem pediu para o dono da Tesla deixar o
governo no final do mês passado e que estava decepcionado com o seu
antes best friend forever. "Ajudei muito Elon", disse. Trump também
revogou a indicação do agora ex-amigo para a chefia da Nasa.
Sim, o empresário com contratos bilionários com a Nasa queria indicar a chefia da agência.
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Musk
retrucou dizendo "Sem mim, Trump teria perdido a eleição, os democratas
controlariam a Câmara e os republicanos estariam em 51-49 no Senado". E
chamou o comportamento do presidente de "ingratidão", afirmando que
ajudou a eleger Trump - ele botou mais de R$ 1,4 bilhão na campanha.
Com
a barafunda, os preços das ações das empresas de Musk caíram e os dos
concorrentes subiram. Não é pela briga a questão, mas diante da
constatação do afastamento do empresário dos benefícios de estar perto
do poder.
O
extremista Stephen Bannon, ex-assessor do presidente, já pediu para
Trump para, além de cancelar os contratos de Musk, investigá-lo por uso
de drogas - o jornal The New York Times revelou que o empresário faz uso
sistemático de cetamina, um anestésico potente e que vicia que é uma
loucura.
Considerando
os envolvidos, não me surpreenderia se, mais adiante, eles fizessem as
pazes. Aliás, os outros bilionários donos de big tech, que foram se
curvar a Trump em troca de ajuda na guerra contra a regulação das
plataformas digitais em todo o mundo, devem estar torcendo por um
armistício.