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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    quarta-feira, maio 21, 2025

    Que País queremos ser?

     

    Os boiadeiros da Câmara
    agora estão empenhados
    em jogar no lixo as
    regras de licenciamento
    ambiental. É grave:
    o futuro de todos os
    brasileiros está em risco

     CRISTINA SERRA

    O pior Congresso desde a rede
    mocratização está cevando
    uma “boiada” capaz de nos fa
    zer regredir 40 anos em matéria de pro
    teção ambiental. No que tange à boia
    da, por assim dizer, vemos uma alian-
    ça que reúne, do mesmo lado do balcão,
    as forças da direita, da extrema-direita
    e do fisiologismo mais sórdido em tor
    no de um interesse comum: manter o
    País com os pés fincados no atraso ci
    vilizatório. Refiro-me ao Projeto de Lei
    2.159/2021, que tramita, de forma subi
    tamente apressada, no Senado. Se apro
    vado, ele jogará no lixo as regras do li
    cenciamento ambiental no Brasil.

    O licenciamento ambiental – proces
    so administrativo obrigatório para ativi
    dades econômicas com potencial polui
    dor – foi uma conquista da democracia, e
    não podemos perdê-la. O marco primor
    dial dessa construção foi uma resolução
    do Conselho Nacional do Meio Ambiente
    (Conama), de janeiro de 1986, que estabe
    leceu as regras gerais para o licenciamen
    to. Essa resolução determina a obrigato
    riedade da realização de estudos de im
    pacto ambiental, que devem subsidiar os
    técnicos e autoridades responsáveis pelas
    licenças e orientar a adoção de medidas
    mitigadoras, as chamadas condicionan
    tes. O estudo de impacto é tão relevante
    que consta dotexto da Constituição de 1988.

    O que está em jogo neste momento é a
    destruição do licenciamento, na base do
    rolo compressor e do correntão do lobby
    ruralista e empresarial. Duas comissões
    do Senado, a de Agricultura e a de Meio
    Ambiente, formularam um texto comum
    que tem votação prevista para 21 de maio.
    Se aprovado, o texto segue para o plená-
    rio. O argumento dos que defendem ras
    gar as regras em vigor é o de sempre:
    desburocratizar o processo e destravar o
    crescimento do País. Como se o “culpado”
    pelo atraso fosse o meio ambiente.

    A linguagem ambígua e enganosa ten
    ta camuflar o “liberou geral” para as em
    presas, que leva as digitais dos relatores
    nas duas comissões, ninguém menos que
    a ex-ministra da Agricultura de Bolsona
    ro, senadora Tereza Cristina (PP–MS), e
    o senador Confúcio Moura (MDB–RO). O
    PL 2.159/2021 inventa modalidades de li
    cenciamento, todas muito mais rápidas
    e desreguladas do que as existentes hoje.
    Permite também renovações automáticas
    de autorização por meio do simples preen
    chimento de um formulário na internet.

    Outra facilidade para as empresas seria
    a reutilização de estudos ambientais an
    teriores, mesmo no caso de expansão dos
    empreendimentos. Toda a lógica do tex
    to é a de reduzir o papel do Estado, o con
    trole social e a participação popular na
    avaliação dos projetos. Não se trata de
    simplificação, mas de desregulação.

    A história recente nos mostra que o
    problema dos empreendimentos não é o
    licenciamento tal como existe hoje. Isso
    é evidente nos três maiores desastres da
    mineração no Brasil. Em 2015, o colapso
    da barragem de rejeitos das mineradoras
    Samarco, Vale e BHP, em Mariana, matou
    19 pessoas e contaminou o Rio Doce. Em
    2019, o rompimento da barragem da Vale,
    em Brumadinho, matou outras 272 pes
    soas e poluiu o Rio Paraopeba.

    O terceiro desastre é o do afundamen
    to do solo, em Maceió, causado pela extra-
    ção subterrânea de sal-gema pela petro
    química Braskem. Um tremor de terra,
    em 2018, revelou a exploração predatória
    que obrigou à remoção forçada de 60 mil
    moradores de cinco bairros. Analisei os
    processos de licenciamento dos três em
    preendimentos. Em todos há indícios de
    conduta ilegal, das empresas e dos agen
    tes públicos que atuaram nos processos,
    como apresentação de laudo falso, pre
    varicação, improbidade administrativa.
    Não é que a lei seja ruim. O problema está
    nas pessoas que não a cumprem.

    Suas excelências, os senhores sena
    dores, deveriam estar mais preocupa
    dos com a impunidade nesses três ca
    sos. Até hoje, ninguém foi condenado pe
    los crimes ambientais praticados e pela
    morte de quase 300 brasileiros. Os pro
    cessos de Mariana e Brumadinho se ar
    rastam no Judiciário. No caso Braskem,
    nem sequer há processo de responsabi
    lização criminal. E as vítimas ainda bus
    cam as reparações devidas na Justiça.

    É legítimo e importante atualizar leis
    de caráter geral, inclusive para orientar
    legislações estaduais e municipais. Mas
    as mudanças não podem ter como norte
    facilitar negócios que trituram vidas e so
    nhos. Infelizmente, no ano em que o mun
    do inteiro virá ao Brasil para discutir o fu
    turo do planeta, na COP30, em Belém, os
    parlamentares se mostram capturados
    pelos interesses das grandes corporações
    e de costas para os cidadãos. Precisamos
    nos apropriar do debate sobre o nosso fu
    turo e sobre o país que queremos ser. •

    CARTA CAPITAL




     

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