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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    segunda-feira, março 31, 2025

    Vinte palpites sobre a trend do Studio Ghibli e o uso de IAs na arte:

     


    1. Eu entendo toda a revolta da comunidade de ilustradores e artistas diante desse acontecimento. Eu atuo como ilustrador, faço histórias em quadrinhos desde antes de aprender a escrever e ler; portanto, a ideia de que máquinas ocuparão nossa função como artistas parece tremendamente sufocante e injusta.
    2. Mas acredito que esse alarde parte de uma projeção equivocada: a imaginação de um futuro onde, diante do crescimento das IAs, os artistas perderão possibilidades de remuneração e empregabilidade.
    3. Quando, na verdade, TODAS AS PROFISSÕES serão engolidas pelas IAs. Nesse momento, o que acontece com as ilustrações é praticamente um prelúdio de um processo de democratização irrestrito para todas as áreas e profissões.
    4. A verdade é que dificilmente sobrarão profissões nas quais os humanos serão mais eficientes que as máquinas.
    5. Isso quer dizer, Rafael, que nada pode ser feito para impedir esse processo? Os ilustradores serão os primeiros a perder essa batalha para as máquinas?
    6. Acho que o erro estratégico é combater a tecnologia em si. Até porque um avanço como esse não pode ser freado. A IA veio pra ficar.
    7. As IAs são ferramentas. Creio que é mais útil pensar nelas como recursos adicionais para nossas áreas de atuação.
    8. A criação da televisão não representou o fim das rádios. Assim como a proliferação das rádios não acabou com os livros. No caso da música, a criação do sintetizador fez temer pelo fim das orquestras, mas isso também não aconteceu.
    9. Acho que focar na proibição das IAs não é o caminho. Devemos focar no PÚBLICO.
    10. Nossa sociedade padece de letramento literário e letramento artístico. Assim como muitas pessoas não demonstram domínio básico de interpretação de texto ou análise do discurso, também percebemos que há uma falta geral de referências artísticas, e, principalmente, falta de treino básico de expressão, sensibilidade, e de treino do olhar.
    11. No âmbito das ilustrações, boa parte das pessoas tem um conhecimento nulo ou basilar de história da arte, escolas artísticas, movimentos, tendências, linguagens artísticas. A maioria das pessoas foi privada de uma educação artística de qualidade, que trouxesse noções básicas de apreciação e prática de linguagens de criação, através da música, teatro, dança, cinema, desenho, artes plásticas, quadrinhos, literatura.
    12. Mesmo com esse "gap" de referências, cito aqui algumas ações da própria sociedade civil que frearam manifestações de uso excessivo de IAs por EDITORAS – ou seja, um uso comercial das IAs, no qual efetivamente artistas foram substituídos por máquinas em um contexto comercial.
    13. O primeiro caso que cito aconteceu em 2023, quando a editora Clube da Literatura Clássica lançou uma edição de “Frankstein”, de Mary Shelley. A obra foi desclassificada da seleção do Prêmio Jabuti por ter ilustrações e capa feitas pelo software Midjourney. As denúncias partiram de usuários das redes sociais, e foram cruciais para que a CBL desconsiderasse esse livro em sua premiação.
    14. Outro caso parecido envolveu a Editora Novo Século, que publicou uma versão de "Alice no País das Maravilhas" com ilustrações feitas por IA. Novamente o recurso foi identificado por internautas, que incitaram todo um debate acerca do fato.
    15. Um caso mais dramático envolveu a Editora DarkSide, que utilizou IA em algumas ilustrações – ainda que com alguma “maquiagem” que pretendia disfarçar o recurso.
    16. Diferente de editoras como a que publicou “Frankstein” (cujo elo com a extrema-direita e com grupos olavistas já arranhara sua reputação desde antes da polêmica), a DarkSide é uma editora com certo prestígio no mercado. Ainda assim, ela sofreu críticas e consequências semelhantes às dos outros casos que mencionei.
    17. Considero esses exemplos animadores, porque mostram que o público não apenas é capaz de perceber o uso dessas ferramentas, mas manifesta claramente que não pretende apoiar obras que se utilizam delas em substituição à artistas reais.
    18. Afinal, mesmo com a sofisticação das IAs, é inevitável que haja uma padronização estética nessas imagens – visto que sua fonte criativa é tão somente um banco de dados composto de um arcabouço de imagens produzidas por artistas de verdade.
    19. Devemos lembrar que as editoras não lucram apenas com livros, mas com merchandising. E o grande filão nesse caso envolve o direito de publicação e de uso comercial de imagens específicas. Pois bem: como uma editora poderá usufruir da exclusividade de imagens geradas por IA, visto que não há autoria?
    20. Enfim, o debate promete render bastante, e é cedo para termos certezas sobre tudo que vá acontecer. Eu particularmente acho que a demonização das IAs não representa a melhor estratégia. Penso que tanto artistas quanto professores e educadores em geral precisam promover atividades em torno da educação visual e artística. A expressão humana precisa ser estudada, exercitada e sentida pela sociedade como um todo. Só assim o valor da arte deixará de ser um conceito para se tornar uma informação de domínio público.

     

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