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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sábado, março 22, 2025

    Pelo radicalismo ambiental

     


    ALDO FORNAZIERI
     

    A crise climática revela um grave

    fenômeno de dupla face. No
    primeiro sentido, o aquecimento
    global reduz a quantidade de oxigênio
    e aumenta a concentração de gás
    carbônico na atmosfera. Há uma queda
    acelerada da quantidade de oxigênio nos
    mares. Essa redução nas águas é consequência
    de dois processos. De um lado,
    a contaminação dos nutrientes, provocada
    pelo arrasto, pelas chuvas, de elementos
    como fósforo e nitrogênio e partículas
    de plástico para os rios e dos rios
    para os mares. De outro, as mudanças
    climáticas, que provocam o aumento da
    temperatura e do gás carbônico na atmosfera,
    aquecendo os mares.

    A consequência dos dois processos é a
    mesma: o crescimento, em quantidade e
    extensão, de zonas mortas nos oceanos,
    áreas inapropriadas para a vida marinha.
    A morte de espécies, sua decomposição,
    também acelera esse processo. Quer dizer:
    a tragédia alimenta novas tragédias.
    A redução de oxigênio representa a perda
    de hábitats e de biodiversidade, ameaçando
    vários ecossistemas. Um número
    crescente de espécies marinhas tem entrado
    no rol de ameaçadas de extinção.

    O segundo sentido diz respeito à perda
    do oxigênio político. Os setores progressistas
    da sociedade, os partidos e movimentos
    de esquerda, sofrem rápidas reduções: alguns
    simplesmente desapareceram, morreram.
    Outros sofrem graves mutações,
    capitularam, deixaram de ser antissistema
    e mudaram de hábitat. Habitam agora
    gabinetes, cargos e aparelhos políticos.
    Camuflam seus movimentos, atacando o
    neoliberalismo, epifenômeno do capitalismo,
    mas deixaram de ser anticapitalistas.

    O combate às mudanças climáticas não
    pode mais contar com esses segmentos.
    No máximo, eles adotam o discurso ESG e
    do desenvolvimento sustentável, conceitos
    e processos capturados pelo capitalismo
    que destrói o meio ambiente. As esquerdas,
    com raras exceções, tornaram-
    -se a cereja do bolo da hegemonia capitalista,
    emprestando a esta um lustre de legitimidade
    por, supostamente, permitir
    um jogo de alternativas. As ONGs ligadas
    às causas ambientais travam lutas necessárias,
    porém limitadas, pelo seu atrelamento
    a interesses dos financiadores.

    Diante desse cenário desolador, marcado
    por impactos climáticos cada vez
    mais devastadores e catastróficos, surge
    a velha questão: O que fazer? É preciso
    partir da constatação realista de que,
    mesmo com todas as evidências e advertências
    acerca das tragédias, os progressistas
    e as esquerdas fugiram para o capitulacionismo
    cínico da vida passiva. A indiferença
    de quem deveria liderar, e que
    é pago para liderar, aprisionou as potências
    das lutas e das mobilizações para
    tentar salvar o planeta e a vida. Não resta
    alternativa para quem quer estancar
    a marcha para o abismo senão tomar as
    ruas e praticar atos radicais de resistência
    civil contra a destruição ambiental.

    Na medida em que o mundo parece caminhar
    cada vez mais para um beco sem
    saída, empurrado pelas ações criminosas
    dos grandes capitalistas, dos governos
    e a passividade dos grupos políticos
    e da sociedade em geral, cresce cada vez
    mais o radicalismo ambiental na Europa
    e nos Estados Unidos. As mulheres são
    a maioria, cerca de 60%, dos integrantes
    de grupos e movimentos que adotam táticas
    radicais. Cresce também o número
    de cientistas que apoiam e se engajam
    nessas atividades. Na Alemanha, vários
    deles organizaram um movimento em
    prol da rebelião e da resistência civil contra
    as mudanças climáticas.

    Não se trata de abandonar a pesquisa
    e a ciência, mas elas precisam do apoio
    do radicalismo ativista para ser ouvidas.
    As táticas do ativismo radical ambiental
    são variadas: interrupção de eventos
    públicos, marchas lentas, jogar tinta em
    obras de arte, furar pneus de carros movidos
    a óleo diesel, provocação de tumultos,
    exposição pública de políticos negacionistas,
    bloqueio de agências bancárias,
    protestos de impacto em aeroportos,
    prédios governamentais e outros lugares
    de grande circulação, interrupção
    de eventos esportivos e bloqueio de grandes
    vias, entre outros.

    Os objetivos do ativismo ambiental radical
    são e devem ser politizados. Além
    de plataformas com os temas centrais de
    defesa do meio ambiente, entram no rol
    das mobilizações a pressão sobre os governos
    para mais ações e recursos destinados
    ao enfrentamento da crise climática
    e pelo freio à produção de combustíveis
    fósseis, medidas de bloqueio da destruição
    de florestas, rios e ecossistemas,
    políticas públicas de adaptação, resiliência
    e regeneração nas cidades e no campo,
    adoção de práticas sustentáveis nas empresas
    e na agricultura, proteção aos povos
    originários e atenção e apoio aos grupos
    sociais mais vulneráveis. No Brasil, o
    ativismo ambiental radical precisa pôr-
    -se em marcha com urgência.

    CARTA CAPITAL

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