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    quinta-feira, outubro 24, 2024

    Bolsonaro dá uma ajuda a Boulos


    LEONARDO SAKAMOTO

    À frente nas pesquisas de intenção de voto, tudo o que Ricardo Nunes não precisava neste momento era aparecer em fotos e vídeos ao lado de Jair “700 mil mortos” Bolsonaro - que carrega o fardo de ser o político mais rejeitado pelos paulistanos. Pagou o pedágio de estar coligado ao PL, engolindo a seco o mito em uma churrascada com empresários nesta terça.

    Quando os bolsonaristas-raiz migravam de Nunes para Pablo Marçal, no primeiro turno, o mito preferiu esconder-se embaixo das cobertas a bater de frente com o seu rebanho quando a maioria preferia o berrante do coach. Jair, que cavalgou a extrema direita durante anos, dando a ela sentido e organização, temia que seus seguidores o largassem caso abraçasse o candidato menos estridente.

    Tarcísio de Freitas não largou Nunes. Não pelos belos olhos do prefeito, mas porque a sua reeleição é condição básica para ele tentar pleitear a Presidência da República em 2026, caso a economia sob Lula não esteja bem (sim, o poder de compra e a sensação de melhora na qualidade de vida vão reeleger ou derrotar o petista, e só isso).

    Na política, a traição é o pior dos pecados. Tanto que um bom político é aquele que cumpre acordos, independentemente do quanto isso lhe custe. Bolsonaro é visto como traidor de aliados próximos inclusive por eles mesmos, basta ver a quantidade de pessoas que abandonou no meio da estrada. Nunes, no primeiro turno, foi apenas mais um de uma imensa lista que incluiu de Gustavo Bebianno ao general Santos Cruz.

    No último Datafolha que mediu a rejeição a candidatos na capital paulista dos dois grandes nomes da política brasileira, Bolsonaro marcava 63% e Lula, 48%. Tendo passado a campanha inteira desaparecido, o ex-presidente ressurge agora, não para apoiar o candidato do MDB, mas para surfar na sua possível reeleição.
    Boulos já está explorando a rejeição ao ex-presidente. Talvez não dê tempo de surtir efeito, uma vez que a votação é no próximo domingo. Mas nem o deputado contava com essa ajuda de peso na reta final de sua campanha.

    Lula, ferido, não pode vir a São Paulo ajudá-lo, Bolsonaro veio em seu lugar.

    UOL  

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