FINALISTAS NA CATEGORIA ARTE - 46⁰ PRÊMIO JORNALÍSTICO VLADIMIR HERZOG 2024
CAU GOMEZ
Para mim, a desfaçatez impregnada pela cultura do estupro no Brasil é uma aberração. E, quando eu me deparo com a repercussão angustiante e conservadora da sociedade, é um choque ácido e violento em mim.
Vejo uma sociedade conservadora, chocada e apavorada, mas com todo mundo praticamente com os olhos fechados, sem querer abrir os olhos e enxergar a amarga e urgente realidade.
E é vital que nesse momento tenhamos força para reagir.
Porém, quando se é indicado finalista para uma premiação como o Prêmio Vladimir Herzog, que trata da questão dos direitos humanos, da liberdade de expressão, dos direitos das minorias excluídas, então, considero que já é uma grande conquista.
Agradeço à equipe da Editoria de Opinião e da Editoria de Arte, por me permitirem ter o poder de me expressar (a charge de minha autoria foi publicada no dia 14/06), de me indignar, dentro deste espaço no jornal A Tarde, que é fundamental para ampliar as minhas ideias gráficas.
Espero que isso dê repercussão também, porque a questão é emergencial, essa cultura do estupro que impera desde os anos 70, e que vem sendo denunciada desde então, agora é mais grave ainda, mais violenta e aviltante nos dias atuais. Quando você se dá conta dos absurdos casos de abusos, do número crescente de crianças estupradas, a revolta e a vergonha são sentimentos que dizem muito sobre o Brasil perante o mundo.
Então, o povo todo precisa sair desse estado de choque, aprender a denunciar e a cobrar das autoridades para que isso não aconteça nunca mais. E que os culpados sejam rigorosamente punidos, sem leniência.
Então, esses desenhos que eu tenho produzido geram em mim uma satisfação muito grande, em poder colaborar e dar eloquência a essa indignação social nesse momento.
E, mais ainda, em saber que outros grandes cartunistas como o Quinho, do Estado de Minas e o Benett, da Folha de S. Paulo, estão finalistas nessa premiação em outubro, e que estão engajados nesta verdadeira cruzada para banir a violência contra mulheres e crianças.