A varzea e a cadeira
O debate na TV Cultura me fez lembrar as “peladas” nos campos de Piratininga, onde as desavenças eram resolvidas no braço
"Quem jogou bola na várzea de São Pau-
lo não precisa estudar Durkheim, Max
Weber, Hannah Arendt ou Wilhelm
Reich para identificar as gentes que sus-
tentam as tropelias e ignorâncias agres-
sivas do aventureiro Pablo Marçal. Es-
crevo gentes para significar um modo de
ser, uma forma de sociabilidade definida
a partir de uma rede de relações que en-
formam as subjetividades, suas palavras,
seus gestos e sestros.
Nos meus tempos, nos campos de Pi-
ratininga, quase sempre as desavenças
eram resolvidas no braço. Tiros e faca
das, em doses moderadas. Quando o pau
quebrava, os visitantes, minoritários,
escapavam para os caminhões – já pre-
parados para a fuga – com o uniforme
de jogo. Os trajes e os pertences, quan-
do não uma parte da grana do mês, eram
abandonados no vestiário ou local asse-
melhado. No jogo de volta, os valentões
viravam cagões."
LEIA ARTIGO DE LUIZ GONZAGA BELUZZO