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    terça-feira, julho 09, 2024

    Esquerda unida mostra que é possível barrar a extrema-direita

     

     

     

    LEONARDO SAKAMOTO

    Mais uma vez a democracia francesa deu um chega-pra-lá na extrema direita, repetindo o que já fez em outras eleições. Uma coisa é divergir sobre a condução da economia de um país, outra é discordar da essência e dos princípios que mantém esse país unido.

    Adotando uma estratégia de desistência em distritos onde o adversário democrata teria mais chance contra o candidato do extremista Reunião Nacional, a Nova Frente Popular, coalizão de esquerda, e a aliança do presidente Emmanuel Macron devem ficar em primeiro e segundo lugares na Assembleia Nacional.

    A maioria dos macronistas não iria votar na extrema direita. Os fascistas ampliaram seu teto na França, mas não arrancaram o teto.
    Ver a xenófoba e excludente extrema direita de Marine Le Pen cantar vitória antes da hora e dar de cara com as urnas deveria animar qualquer espírito democrata.

    Ao mesmo tempo, o resultado indica a possibilidade real que as esquerdas têm caso superem suas diferenças e resolvam se unir. Foi impressionante e inédita a união das agremiações desse campo ideológico em tempo recorde, tanto para formar a coalizão menos de dois dias após o anúncio surpresa de nova eleição feita por Macron, quanto para planejar taticamente as desistências entre o primeiro turno e o segundo junto com a direita democrática.

    Ressalte-se que a esquerda conseguiu chegar na frente, mas não teve maioria absoluta, portanto ainda resta ver que tipo de governo emergirá dos diálogos e negociações sobre composição na Assembleia.

    As urnas também mostram o descontentamento com as políticas da direita liberal de Macron, em um país que sempre prezou pela força do Estado de bem estar social. O receituário neoliberal global se esgotou, e o crescimento da extrema direita, reunindo e vocalizando a insatisfação daqueles excluídos pela globalização, é a prova disso. Contudo, não são apenas xenófobos, racistas e fascistas da extrema direita que podem propor uma alternativa. Eleições como a da França criam uma oportunidade para as esquerdas refletirem, reinventarem-se e proporem novas políticas que resolvam a insatisfação através da inclusão, não do ódio e do medo.

    UOL
     


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