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    segunda-feira, junho 10, 2024

    A metamorfose dos governos extremistas no século XXI

     

    RUDÁ RICCI

    Image Bom dia. O fio de hoje é sobre a tese do ex-reitor do Institut d´Études Politiques de Paris, Sergei Guriev, e do professor de Ciência Política da Universidade da Califórnia, Daniel Treisman, que analisam a metamorfose dos governos extremistas no século XXI 
     

    1) Os autores sustentam que há um novo tipo de governante que atua na franja das democracias que eles denominam de “doctors spin” ou, numa tradução livre, “especialistas em manipulação” (ou distorção). 

     3) Já no caso dos “doctors spin”, que os autores citam como exemplo Lee Kuan Yew, ex-primeiro-ministro de Singapura de 1959 a 1990, mas também Orbán, governante da Hungria e Putin, da Rússia, os atos autoritários são mais seletivos, tópicos e o jogo com a comunicação é mais sútil

    4) A seguir, vou reproduzir as seis características principais do modelo desses governantes tirânicos que os autores destacam. Começando pela substituição do medo pela imagem de competência.

    5) Ternos bem cortados e um ar de profissionalismo e modernidade substituem fardas militares e ar sisudo. As fotos divulgadas pelas agências de comunicação oficial quase sempre revelam governantes em mesas de trabalho, falas em conferências ou visitas às fábricas e empresas.

    6) A segunda característica é a troca da pregação ideológica para os apelos. Lee Yew se dizia pragmático, sem qualquer proximidade com ideologias. Putin teria dito que odeia a palavra ideologia, segundo Brian Taylor, em seu livro “The code of putinism”.

    7) Tais líderes associam ideários do passado sem grande sentido, numa bricolagem que agrada gregos e troianos. É o caso de Putin, que cita e valoriza o período czarista da grande unidade eslava aos clichês da era soviética salpicados de ultradicionalismo conservador anti-LGBT

    8) Deriva das duas primeiras características a de afastamento do culto à personalidade, agora substituída pelo de celebridade. As celebridades são cultuadas, é verdade, mas oferecem algo de sua intimidade, incluindo gafes e histrionismo.

    9) Antes havia veneração oficial, agora, a construção de celebridade. Tudo pelas redes sociais, de maneira descentralizada, muitas vezes adotando um tom perto do deboche. Governantes aparecem voando em asas-deltas ou montando cavalos sem camisa, mesmo evidentemente forjado

    10) masculinidade é motivo de riso e até borrifar a marca de perfume lançado pelo manipulador passa a ser objeto de colecionadores e brincadeiras de jovens debochando do “tiozinho”. O ditador é comentado nas ruas e os autores chegam a comparar com a fase mais popular de Obama.

    11) A 4a característica é a da busca de credibilidade. Esses novos governantes autoritários permitem imprensa livre – embora ataquem publicamente as mais críticas – e apostam em blogueiros e influencers para responder ou alterar os temas quentes de uma conjuntura

    12) Até tragédias são exploradas por blogueiros aliciados ou disparos de notas e comentários nas redes sociais. Muitos se utilizam de “trolls” ou mesmo pesquisas manipuladas com resultados previsíveis, denominadas de “push poll”

    13) Os autores citam uma pesquisa encomendada pelo governo da Hungria que apresentava perguntas que induziam às respostas como “há quem pense que os migrantes colocam em risco os empregos e meios de subsistência dos húngaros e queremos saber se você concorda com eles”

    14) A quinta característica é a de transformar o entretenimento em arma. Fofocas sobre celebridades e adversários se transformam em temas quentes numa espécie de metapolítica (comentar política sem falar diretamente.

    15) O ex-presidente Fujimori, em meio à ofensiva contra grupos oposicionistas, divulgou a informação sobre a filha ilegítima de um dos seus adversários. A explosão de talk shows ácidos forja um ambiente tóxico de comentários rebaixados sobre temas políticos

    16) Finalmente, reinterpretar acontecimentos geram versões rapidamente disseminadas nas redes sociais. Essa modalidade deriva, quase sempre, para as fake news. Não raro, a versão adota tons de exagero e indignação, procurando estimular emoções fortes no público-alvo.

    17) O emocionalismo é a tônica para gerar revolta em recém-demitidos de uma fábrica que fechou por fraude, mas que é reinterpretado como resultado da política econômica de um governo. Nem sempre as notícias divulgadas são invenções, mas as interpretações forjam causas inverídicas

    18) Em todos os casos, viceja uma “coerção calibrada” pelos novos governantes. Temos aqui no Brasil alguns protótipos recentes, em especial, governadores que se jogam para angariar o espólio de Jair Bolsonaro

    19) Não é o caso dos jovens parlamentares arrivistas, muito mais agressivos e que comumente ultrapassam as linhas do razoável para poder aparecer. No caso dos “doctors spin”, a sutileza é sua arma, o confronto é indireto e a estampa de competência e celebridade é construída

    20) Com a vitória da extrema-direita nas eleições europeias, teremos mais exemplos deste novo tipo de tirania e manipulação política. Na França, aquela da revolução que destruiu a monarquia, há enormes chances do próximo primeiro-ministro adotar este figurino. (FIM)

     

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