AGONIA SEM FIM
UM ANO APÓS A REVELAÇÃO DA TRAGÉDIA
HUMANITÁRIA QUE ESCANDALIZOU O MUNDO,
O DRAMA DO POVO YANOMÂMI PERSISTE
"“O Estado brasileiro não resolve porque
não quer. Parece haver uma fragilidade,
uma dependência do Congresso para to-
mar as decisões. O Executivo tomou pro-
vidências mais no âmbito político, mas as
ações diretas para retirar os garimpeiros
foram tímidas. O Exército tem homens lá
dentro sem o menor preparo para defender
as regiões de fronteira e proteger o territó-
rio indígena. Onde é que está a Marinha,
que poderia fechar os rios, que estão sen-
do invadidos e poluídos? Por que o espaço
aéreo não está fechado e, se está, por que os
helicópteros dos garimpeiros continuam
sobrevoando a região? Há uma ação feita
para inglês ver”, critica Possuelo. “Para re-
solver o problema, não precisa inventar a
roda. Já está escrito na Constituição Fede-
ral o que tem de ser feito”, completa."
"No início de 2023, havia na TI
Yanomâmi cerca de 20 mil garimpeiros.
Hoje, segundo Júnior Hekurari, tem cerca
de 5 mil. “A força-tarefa até quebra os equi-
pamentos, mas eles têm muita tecnologia,
planejamento, e recuperam em questão de
horas. O Exército fez o mapeamento para
bloqueio de espaço aéreo, mas não conti
nuou. Para resolver, o governo brasileiro
o tem de funcionar”, destaca, acrescen-
tando que os garimpeiros transitam livre-
mente na fronteira com a Venezuela e que
a insegurança no território compromete o
atendimento médico dos indígenas. “Como
a segurança falhou, a saúde recuou.”"