Lembrar não basta
OS PODERES REMEMORAM O DE JANEIRO,
MAS AINDA NÃO FORAM CAPAZES DE
APONTAR OS GURUS DA TENTATIVA DE GOLPE
"O presidente da Câmara dos Deputa-
dos, Arthur Lira, do PP de Alagoas, não
compareceu ao ato pelo 8 de Janeiro. Ale-
gou motivos pessoais (problema de saú-
de na família). Será? Em 3 de janeiro, ti-
nha aberto a casa a Bolsonaro, que pas-
sara o Réveillon em Alagoas. Lira tem
apadrinhados no governo Lula, caso do
chefe da Caixa Econômica Federal, mas
defende uma lei para “cuidar melhor”
de ex-presidentes. O que seria “cuidar
melhor” ele nunca explicou. No dia que o
TSE tirou o capitão das urnas por 8 anos,
em junho passado, um deputado do PL
gaúcho, Sanderson, propôs uma lei para
anistiar políticos condenados desde 2016.
Lira carimbou como “prioridade” e man-
dou à Comissão de Constituição e Justiça.
O petista Rui Falcão, presidente da comis-
são, deixou a proposta na gaveta.
No Senado, também há tentativa de
ressuscitar Bolsonaro. Neste caso, com
mudança na Constituição, ideia de de-
zembro de Márcio Bittar, do MDB do
Acre. Ex-vice de Bolsonaro e hoje sena-
dor, o gaúcho Hamilton Mourão, do Re-
publicanos, apresentou, em outubro, um
projeto para perdoar condenações nas-
cidas do 8 de Janeiro baseadas nos cri-
mes de “tentativa de golpe de Estado” e de
“abolição violenta do Estado Democráti-
co de Direito”.
" A lição do 8 de Janeiro, avalia Aragão,
é que a “nossa democracia é frágil, sujei-
ta a solavancos”, daí a importância histó-
rica de punir os culpados, a começar pe-
la figura mais emblemática, a fim de evi-
tar repetecos. “Ao punir Bolsonaro, che-
ga-se à cadeira de comando, o caminho
fica aberto para punir militares. Foi as-
sim com os nazistas depois da Segunda
Guerra Mundial, de cima para baixo.”
LEIA REPORTAGEM DE ANDRÉ BARROCAL