Morrer pela pátria e viver sem razão
"Domingos Neto não faz rodeios em seu
raciocínio: “Escrevi este livro para os que
acham possível apaziguar o quartel com
atendimento às demandas corporativas.
Lula acreditou nisso e foi preso. Voltou ao
governo contingenciado pelo fuzil. Dilma
também acreditou e perdeu o cargo”.
Para o pesquisador, o problema essen-
cial é aquilo que ele chama de transtor-
no de personalidade funcional do militar.
Toda a pregação dos comandos superio-
res exalta a defesa da soberania e de um
difuso conceito de pátria. Contudo, des-
de a Independência, os soldados são ma-
joritariamente treinados para outra ati-
vidade, o combate ao “inimigo interno”.
Isso teria se concretizado na manu-
tenção do sistema colonial-escravista,
na repressão a movimentos separatis-
tas no Império e a qualquer tipo de re-
belião popular na República. Na Guerra
Fria, a partir de 1945, a missão foi em-
balada pelas teorias de contrainsurgên-
cia e no combate à chamada subversão.
Sob tal contexto, escreve o autor, o sol-
dado se percebe como “político, policial,
empresário, assistente social, adminis-
trador público, construtor de estradas,
perfurador de poços no Semiárido, guar-
da florestal, vigia de fronteira, entendido
em Segurança Pública, controlador dos
tráfegos aéreo, costeiro e fluvial, supre-
mo avaliador da moralidade e planeja-
dor do destino nacional”. Incapazes de
desempenhar sua função essencial, a de-
fesa contra a agressão externa, as Forças
arrogaram-se o papel de interventoras
frequentes na vida política."
LEIA RESENHA DE GILBERTO MARINGONI