Governo de São Paulo não aceitou trocar a greve por passe livre
LEONARDO SAKAMOTO
Mais uma vez os sindicatos de transporte sobre trilhos em greve propuseram ao governo de São Paulo trocar a greve desta terça (28) pela liberação das catracas do Metrô e da CPTM, mas a ideia foi novamente rejeitada, tal qual na paralisação de 3 de outubro.
"Propusemos em reunião com cinco secretários do governo a liberação das catracas, mantendo o funcionamento normal do sistema. Mas eles disseram que não iriam aceitar por questões de segurança", afirmou à coluna Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários e Metroviárias.
Ela rebate a justificativa dizendo que esse problema não existe, que as catracas já foram liberadas outras vezes e que os funcionários do Metrô e da CPTM sempre garantiram a segurança e têm compromisso com a prestação do serviço ao público. "Inclusive tivemos catracas livres nos últimos dias 5 e 12 de novembro [dias da prova do Enem]", avalia.
Também lembra que São Paulo teve catracas livres no segundo turno da eleição do ano passado e não houve tumultos. Segundo ela, os usuários são trabalhadores, pessoas educadas, não vândalos.
Na avaliação dos sindicatos que organizam a paralisação, o governo não aceitou o passe livre nesta terça para evitar a simpatia dos usuários dos serviços públicos para a sua pauta principal: a interrupção do processo de privatização de empresas públicas paulistas.
A prática de liberar catracas em protestos de trabalhadores do transporte público ocorre em outros países da Europa e nos Estados Unidos. É considerada uma forma eficiente de pressão porque atinge o caixa do empregador e gera simpatia no povo. Em uma greve convencional, não há receita, mas não há custo de operação, e, neste tipo de paralisação, há custo. Essa é uma das razões pelas quais a Justiça costuma votar contra a medida.
UOL