Sobre a mensagem anti-homem do filme Oppenheimer
Muito tem sido discutido sobre “Oppenheimer”, o mais recente filme do diretor - e homem que possivelmente fala da sua cor preferida de legenda já no primeiro encontro, “porque legenda branca não é cinema de verdade, sabe?” – Christopher Nolan.
Alguns têm questionado a veracidade de certos momentos históricos – houve realmente uma conspiração contra Oppenheimer? Era mesmo próxima sua relação com Einstein? Foi realmente o físico americano o responsável por cunhar a frase “chegar em mulher solteira pra mim é feito fazer gol em time sem goleiro”?
Outros têm debatido qual o significado real do filme, se Oppenheimer é sobre a petulância do homem ao brincar de Deus, sobre como o desenvolvimento científico sempre será manipulado pelos interesses dos poderosos; ou mesmo se a grande lição desse filme de três horas de duração é que a verdadeira bomba atômica são as casadas que comemos pelo caminho.
Mas o que curiosamente muito pouca gente tem debatido é a forte mensagem anti-homem de “Oppenheimer”, um filme que, muito mais do que o tão criticado “Barbie”, apresenta o gênero masculino sob uma luz profundamente negativa, com Julius Robert Oppenheimer realizando ações que deixariam chocados e confusos absolutamente qualquer um dos Kens dentro de suas mojo dojos casas houses.
Primeiro pela caracterização de cada um dos personagens. Afinal, se Ken pode usar sua própria ignorância como álibi para seus mais diversos erros ao abraçar o patriarcado como forma de encontrar uma identidade, Julius Robert Oppenheimer tinha plena consciência de todas as ações durante sua trajetória, que começa movida por convicções políticas mas em diversos momentos parece envolver também ego e sede de poder.
Depois porque, se ambos os personagens se portavam de maneira negligente e egoísta com suas parceiras, ainda que dependessem delas na maior parte do tempo, Ken ao menos parecia reconhecer a importância de Barbie e ser capaz de um mínimo de respeito pelos outros Kens, enquanto Oppenheimer não apenas ignorava frequentemente as opiniões de Kitty como praticamente não tinha amigos e sim apenas veículos que ele usava para conhecer novas esposas, seu principal interesse além da física.
Isso sem contar, é claro, o fato de que no terceiro ato do filme “Barbie”, Ken reconhece os danos causados por suas ações e pede desculpas, coisa que Oppenheimer jamais faz, seja para sua esposa, seus colegas de profissão ou mesmo para o ex-amigo que cuidou de seu filho e cujo exílio ele acabou causando.
Ah, e nenhum Ken criou uma arma de destruição em massa que matou mais de 100 mil pessoas no Japão. Tem isso também.
Ou seja, se Barbie foi criticada por apresentar os homens como infantis, burros, autocentrados e dispostos a qualquer coisa para manter o próprio protagonismo na sociedade, a verdade é que Oppenheimer não apenas reforça cada um desses pontos como ainda adiciona o fato de que, se você ficar deixando as coisas na nossa mão, a gente provavelmente vai avacalhar nossos relacionamentos, enriquecer plutônio e produzir bombas capazes de matar cada vez mais gente.
Sério, se continuarem lançando filme assim vai ter gente batendo em homem na rua, galera.
CONFORME SOLICITADO
https://conformesolicitado.substack.com/i/135852568/sobre-a-mensagem-anti-homem-do-filme-oppenheimer
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