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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    segunda-feira, agosto 28, 2023

    Torcedores Ilustres

     
    SERGIO AUGUSTO 
     
    Prestes a escrever a história do Botafogo para uma coletânea de livros sobre futebol, deparei, na vitrine de um sebo na Zona do Sul do Rio, com um raro exemplar do Livro de Cabeceira do Homem, datado de 1968. Sucesso editorial da Civilização Brasileira, os livros de cabeceira saíam periodicamente, como se fossem revistas, só que espessas e dotadas de lombada. Não perdia uma edição, mas aquela, justamente aquela, publicada 35 anos antes, eu havia perdido. 
     
    Cochilo inexplicável—e talvez imperdoável—pois em sua capa reluzia, ocupando-a quase por inteiro, o escudo do meu Botafogo. Tudo bem, o Botafogo fazia jus à deferência: estava no auge, conquistara o último campeonato carioca, seria em breve bicampeão, mas um detalhe me intrigava: por que haviam colado o rosto de Orson Welles no meio de sua icástica estrela solitária? 
     
    Apesar de destaque na edição, como personagem de um texto do crítico e dramaturgo britânico Kenneth Tynan, Welles nada tinha a ver com futebol, muito menos com o Botafogo, só obliquamente presente numa reportagem com Carlos Roberto, o “carregador de piano” de Gerson no meio de campo alvinegro recém-convocado para a Seleção Brasileira. 
     
    Era, portanto, uma capa sincrética, fundindo coisas aparentemente disparatadas, e apenas cabível se Welles tivesse se convertido em torcedor do Botafogo quando por aqui circulou durante seis meses em 1942. 
     
    Sem prova alguma a esse respeito, mas instigado por uma legendária crônica de Paulo Mendes Campos em que ele especulava sobre as possíveis paixões clubísticas de artistas, escritores e poetas do passado (Michelangelo, Stendhal, Dostoievsky e Rimbaud, por exemplo, seriam botafoguenses; Mozart, Flaubert, Baudelaire e Machado de Assis torceriam pelo Fluminense; Da Vinci, Balzac, Beethoven, Tolstoi e Camões, pelo Flamengo), arrisquei abrir o pimeiro capítulo de meu livro com esta desafiadora pergunta: “E se eu lhe dissesse que Orson Welles era botafoguense?”
     
    O livro já estava praticamente pronto quando meu saudoso amigo Nelson Paes Leme, após ler os originais do primeiro capítulo, me convenceu a acrescentar-lhe uma história de que eu nunca ouvira falar, mas ele sim, contada por seu botafoguense pai, o advogado Luiz Paes Leme, célebre por ter sido um dos fundadores da UNE (União Nacional dos Estudantes). 
     
    Atraído à Festa da Mocidade, megaevento destinado a angariar fundos para a luta da estudantada contra a ditadura getulista, Welles, já então filmando o documentário It’s All True na cidade, não só participou animadamente da festa como de lá saiu conquistado pela torcida jovem do Glorioso. 
     
    Sem contar que, enquanto esteve por aqui, o cineasta foi o tempo todo pageado por um botafoguense histórico, o poeta Vinicius de Moraes, bom de catequese.
     
    ESTADÃO
     
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