Javier Milei e a ultradireita argentina
"Milei não chega a defender a ditadura militar da Argentina (1976-83), mas alia-se aos seus defensores. Acha que a esquerda exagera o número de vítimas da repressão do Estado e repudia os movimentos de mães e avós que buscam identificar os desaparecidos políticos e seus filhos. É contra a educação sexual nas escolas, contra o aborto e a favor das armas. Na economia, defende a dolarização da Argentina, a privatização de tudo o que for possível, a redução do tamanho do Estado, a saída do Mercosul e a extinção do Banco Central.
Milei tem posições estranhas à cartilha convencional da ultradireita. É a favor do casamento gay, por exemplo. Acha que é um contrato como qualquer outro, desde que feito entre pessoas maiores de idade. Não se trata, portanto, de um assunto do interesse do Estado. Quando fala sobre seu estado civil, contrariando o discurso que celebra a família tradicional, diz que não acredita no casamento. Por isso, é solteiro, vive apenas com seu cão, um mastim inglês chamado Conan e seus quatro filhotes. Sua última namorada conhecida foi uma cantora, Daniela Mori, intérprete de um hit local, Endúlzame que Soy Café (Me adoce que sou café). Com a candidatura presidencial, foi aconselhado a se casar, mas se mantém firme na sua oposição ao matrimônio.
Milei conjuga essas posições ora com liberalismo, ora com ultraliberalismo. Diz, inclusive, que é a favor da compra e venda de órgãos humanos porque, também aqui, se trata de uma transação comercial entre pessoas adultas na qual o Estado não deve se imiscuir."
mais na reportagem de Sylvia Colombo