Da calamidade à retomada do desenvolvimento

 

"Pela dinâmica do retorno ao crescimento econômico, baixo desemprego, liberdade e fortalecimento do movimento sindical e avanço das políticas de transferência de renda e política de valorização do salário mínimo, os governos Lula e Dilma haviam criado condições para que a parcela referente aos salários subisse de forma mais acelerada na renda nacional em relação à fatia que cabia à renda do capital.

Com o desemprego baixo e o soerguimento do movimento sindical – selado na explosão do número de greves entre 2009 e 2013 –, houve um aumento substancial dos salários médios na sociedade e, sem elevação da produtividade, esse movimento impôs uma queda na taxa de lucro. Portanto, os governos Temer e, com mais afinco, Bolsonaro tinham como encomenda das classes dominantes a reversão dessa tendência.

Dessa forma, o pífio crescimento da
economia brasileira desde 2017 não é
um efeito indesejável. Fazia parte de
um projeto, uma vez que crescimento
diminuto é condição para manutenção
de desemprego elevado, que, por sua
vez, pressiona os salários para baixo, re-
vertendo a tendência de esmagamento
dos lucros. Para coroar esse processo, a
reforma trabalhista e o fim da política de
valorização do salário mínimo selaram a
precarização da força de trabalho e con-
cretizaram o sonho das elites brasileiras."

- JULIANE FURNO