RAFAEL CAMPOS ROCHA
Vini Jr. é o maior jogador brasileiro em atividade. O racismo nacional e vai ter que engolir mais uma vez um preto retinto no comando da seleção. Neymar é, hoje, seu maior adversário. É o único companheiro de equipe que reclama dos passes de trivela dentro da área, de Vini Jr. Dos passes de trivela que culminam em gols na copa do mundo e na final do mundial de clubes. Dos passes de trivela para dentro da área que nenhum zagueiro tem coragem de interceptar, para não enfiar a bola para dentro de seu próprio gol. Vini Jr. foi o principal jogador de ataque do brasil na copa do mundo, mas o racismo nacional preferiu apontar outros pretos branqueados. O preto que pode ser "moreno" e se mantém, tímido, dando patadas no meio de campo. o preto que tem olhos verdes e diz que não é preto.
A característica principal de Vini Jr. é que ele consegue completar os dribles. Ele passa pelo adversário. O sujeito que estava na sua frente agora está atrás dele. Ele não leva a bola para a linha lateral e fica dando piruetas inócuas para a viralização da internet, para os apupos da torcida nazista e para "provocar cartões" no adversário e depois ser chamado gênio por conta disso. Não. Ele dribla porque os zagueiros adversários estão entre ele e o gol, e ele tem que ludibriá-los para que eles possam assistir aos gols da equipe de Vini Jr. sentados no gramado. Como Rivaldo, que tinha no rosto o passado de um brasil miserável, de uma região do brasil miserabilizada e explorada pelo sudeste, Vini Jr. leva na pele a história de um país escravocrata e violento. Como Rivaldo, Vini Jr. não recebe o amor incondicional que merecia, por quem gosta de futebol. E ninguém quer admitir isso, europeus ou brasileiros. Admitir que preferem os pretos branqueados, que raspam seus cabelos crespos, corrigem seus dentes, sorriem submissos para os brancos. Os pretos malabaristas. O preto alegria. Vini Jr. é, como Mbappé, o preto perigo, que vai encher seu time, propriedade de banqueiros milionários brancos, de gols. O Preto Soberano, que vai comer bife de ouro, como fazem os reis, namorar brancas, pretas, homens e transexuais. E ser amado por seu filho branco. "Quem diria!" dizia Mano Brown. Quem diria.