Os novos tempos pedem novas agremiações carnavalescas
ARNALDO BRANCO
Os novos tempos pedem novas agremiações carnavalescas e esse ano o desfile na avenida promete — se a passagem não estiver interditada por uma turba de patriotas. Vamos a elas:
Unidos do Editorial do Estadão
A escola vem esse ano com o enredo: “Sacrifício humano em nome de Satã ou políticas de bem estar social: uma escolha muito difícil”, onde o puxador Beto sem Escrúpulos defende um samba que pede um Brasil livre de polarizações e do PT. A Acadêmicos é uma escola diferente pois é composta apenas por membros da Velha Guarda e em vez de um a comissão de frente tem uma comissão de atraso.
G.R. E. S. Independência do Banco Central
Com um samba defendido pelos bambas Martinho DeVille e Neguinho do Brooklin, a Independência traz o enredo “Celic? Cê é loko” prometendo quebrar tudo na avenida, inclusive pequenas empresas. Martinho: “o carro representando o Deus Mercado tem uma grande boca que cospe fogo e onde a gente joga carteiras de trabalho de verdade, é lindo”. Toda essa independência é financiada com recursos da União.
União do Estado democrático de direito
Voltando à primeira divisão depois de alguns anos de rebaixamento, a União vem com o enredo “Sem anistia mas com cuidado para não melindrar os militares”, um hino que clama pela união entre os defensores do estado democrático de direito e os defensores do fuzilamento dos defensores do estado democrático de direito. Reconstruída pelo movimento Frente Ampla, a escola vai encontrar alguma dificuldade em completar sua trajetória na avenida, ainda mais por conta do novo regulamento que permite que seus adversários joguem fezes nos seus integrantes. Algumas alas se destacam, como a Moderada e a Mais Moderada Ainda.
Acadêmicos da Terra Plana
O enredo em homenagem ao filósofo Olavo de Carvalho ganhou o título “Cu: a porta de entrada do marxismo cultural” e tem alas de destaque como a dos Beatles, que vêm representados apenas por um destaque vestido como o sociólogo Theodor Adorno, além de contar com um belo carro alegórico onde fetos abortados nadam em uma grande piscina de Pepsi. A presidenta Dona Ivone Loira promete um desfile inacreditável.
Mocidade Patriota
O enredo “72 horas ou: Xandão preso amanhã” é uma fantasia do carnavalesco Joãozinho Trinta e Oito sobre o sonho de um país com mais militares decidindo no lugar dos civis sobre o que é democracia. Destaque para a porta-bandeira (do Brasil Império) Selminha Carranca, para sua passista nota dez, a mulata Globelixo, e para a ala das baianas, que evoluem no meio de um corredor polonês porque votaram no Lula.
CONFORME SOLICITADO
https://conformesolicitado.substack.com/