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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sexta-feira, janeiro 06, 2023

    A conciliação vai prevalecer?

     

     

     
     Esther Solano
     Nestes dias circulou intensa-
    mente nas redes sociais uma
    imagem que redefine, em todo
    seu esplendor, o significado de patético.
    Aliás, a partir de hoje nem precisa mais
    definir o conceito. Sempre que for ne-
    cessário utilizá-lo, basta mostrá-la, fi-
    cará mais que evidente o que queremos
    expressar. A composição de fotos virou
    um ícone artístico-linguístico sobre a
    realidade do bolsonarismo mais histé-
    rico em toda a sua crueza: de um lado
    bolsonaristas delirantes na frente dos
    quartéis, em posição de martírio, a se
    oferecer em sacrifício cristão em prol da
    nação, patriotas na luta do Bem contra
    o Mal, capazes de se entregar em holo-
    causto pelo bem do País amado, homens
    e mulheres em atitude de histeria cole-
    tiva em defesa da bandeira brasileira,
    custe o que custar, colocando a vida e a
    honra nas mãos de Deus. Do outro lado,
    Eduardo Bolsonaro a curtir a Copa do
    Mundo no Catar, absolutamente se
    lixando para os abnegados patriotas.
    Uns na “sofrença”, o outro na farra. Uns
    a lutar heroicamente por um Brasil que
    caiu nas garras diabólicas do comunis-
    mo, o outro na bacanal futebolística do
    outro lado do planeta. Patéticos.
     
    Sim, confesso que senti prazer ao ver
    a imagem. Benfeito, foi o meu primeiro
    pensamento. Os idiotas golpistas mere-
    cem ser esculachados. Merecem o des-
    prezo até dos seus próprios líderes, ou-
    tros idiotas golpistas, mas um pouco
    mais inteligentes, ao menos suficiente-
    mente inteligentes para deixar outros
    se sacrificarem, enquanto buscam uma
    saída e tiram o deles da reta. A família
    Bolsonaro nunca esteve disposta ao sa-
    crifício. O sacrifício é para o baixo clero
    dos idiotas golpistas. Sim, senti um pra-
    zer inicial, mas incompleto, pois a foto
    me pareceu imensamente premonitó-
    ria. Eduardo Bolsonaro rindo, descon-
    traído, relaxado, parecia uma predição
    de um futuro no qual a família Bolsonaro
    talvez poderá rir, descontraída, relaxada,
    sem ser punida por nenhum de seus nu-
    merosos crimes. E isso dói, muito.
     
    O Brasil cordial de novo.
    O Brasil conciliador de novo.
    O Brasil que joga o ódio para baixo do
    tapete.
     
    Bolsonaro e sua família devem ser
    julgados com todo o peso da lei. Nem
    mais nem menos. Devem ser julgados pe-
    la destruição, pelo horror, porque o hor-
    ror cometido tem forma e letra nos códi-
    gos. Não podemos deixar o ódio impune.
    Não podemos deixar o golpismo impune.
    Qual será a pedagogia do período Bolso-
    naro se o clã for anistiado? É possível ser
    golpista, é possível destruir um país, é de
    graça, podem fazê-lo à vontade, sintam-
    -se motivados para acabar com as insti-
    tuições, é possível odiar ostensivamen-
    te, façam-no, não custa nada.
     
    Não podemos escolher a conciliação
    quando se trata de ódio. O ódio não trata-
    do corretamente sempre emerge de novo
    e emerge empoderado, feroz. O ódio joga-
    do para debaixo do tapete, garras escon-
    didas na escuridão, latente, encoberto, na
    surdina, sempre estará pronto para sal-
    tar à luz quando houver um mínimo espa-
    ço, para devorar, machucar, ferir de novo.
    “Ah, vá, Bolsonaro nem foi tão ruim
    assim”, “Ele não deu um golpe, deu?”, “E
    se ele for julgado agora vai dividir o País
    de novo, vai ser guerra civil”, “Vamos cur-
    tir a Copa do Mundo, as férias, aí depois o
    Lula toma posse e a gente vira a página”,
    “Não vamos mexer nisso, vai ser pior”.
     
    Argumentos não faltam. O Brasil cor-
    dial tem uma infinidade deles. Mas todos
    se erguem sobre a mesma falácia: o ódio
    não vira a página. Sim, claro, muitas ve-
    zes, na vida, na política, conciliar é mui-
    to melhor do que ir à guerra, a negocia-
    ção é com certeza preferível ao campo de
    batalha, mas o ódio, não, com o ódio não
    se negocia, não se concilia, não se esque-
    ce, não se perdoa, não se poupa, não se
    esconde. O ódio não tratado não morre,
    continua vivo, aguardando outra opor-
    tunidade, espalhando a sua purulên-
    cia, corroendo qualquer possibilidade
    de uma sociedade saudável que olha pa-
    ra o futuro coletivamente. Sem comba-
    ter o ódio não há “nós”.
     
    A história brasileira da conciliação é
    um desastre. A conciliação dos escravo-
    cratas teve como herança um dos países
    mais racistas do mundo. A conciliação da
    ditadura teve como herança Forças Ar-
    madas despudoradamente antidemocrá-
    ticas. O Brasil cordial vai se impor de no-
    vo? O Brasil cordial vai tentar esquecer
    um dos períodos mais vergonhosos de
    sua história recente?
     
    Que a lei se imponha.
    Odiar um país, tentar destruí-lo, não
    pode sair de graça.
     
    O ódio não vira a página.
    CARTA CAPITAL

     

     

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