O mito do Bolsonaro estrategista
de ORLANDO CALHEIROS
O problema do comentário político desinformado é, justamente, alimentar o mito de que Bolsonaro é algo maior, muito maior, do que de fato é. Bolsonaro é um personagem tosco, extremamente limitado, intelectualmente falando, um bufão irresponsável e insensível.
Não tivessem transformado esse facínora em presidente ele seria rapidamente ignorado pelos anais da história política brasileira. Apenas mais um dos inúmeros políticos abjetos que dominaram a nossa política nos últimos anos.
Bolsonaro não tem "estratégia", não tem "projeto", quem acompanhou os bastidores do bolsonarismo ao longo desses anos sabe bem disso, sabe bem que o movimento que se formou ao seu redor é, em boa medida, uma reação aos seus movimentos erráticos.
Durante a campanha discutia-se muito isso nos bastidores, de que pouco adiantava traçar estratégias elaboradas, campanhas específicas voltadas para setores críticos do eleitorado, pois o presidente não ajudaria muito. Por isso mesmo figuras como Michele foram tão importantes.
Relatos sobre o estado emocional do presidente não foram "plantados por aliados", eles vem circulando tem algum tempo pelos bastidores. Inclusive, esse "sumiço" do presidente foi encarado por seus aliados mais aguerridos como algo muito negativo.
Havia uma expectativa enorme de que ele assumiria a posição de líder da oposição ainda durante os últimos dois meses do seu mandato. Mantendo a sua base eleitoral mais radical (e mais ativa) incendiada. Mas ele foi incapaz disso.
Inclusive, aliados do presidente tentavam esconder o estado de Bolsonaro por medo que isso pudesse minar o animo de seus apoiadores. Nos grupos o que se dizia era que ele estava ativamente trabalhando nos bastidores, inclusive, negando informações de que ele estava "deprimido".
O episódio de choro na cerimônia não foi o primeiro. As informações que circulam é de que eles não apenas são constantes como tem sido um padrão nas interações do presidente, inclusive durante reuniões fechadas.
Se ele está deprimido ou é um episódio de luto isso, de fato, pouco importa, o que importa é que, agora que o seu estado não pode mais ser escondido, tentam investir numa narrativa.
Tanto foi que em alguns grupos intervencionistas o choro foi lido não como um ato de expressão de sentimento, mas como um código, o "luto pelos que morrerão durante o golpe". Em paralelo, divulgaram uma suposta leitura labial do dia, quando um general dizia "aguardamos ordens".
Parem de alimentar o mito do Bolsonaro estrategista, nem tudo é estratégia, nem tudo é cortina de fumaça, muitas vezes as coisa são o que são, não tem sentido oculto, não tem conspiração.
Quando você pensar em comprar o mito do Bolsonaro estrategista, lembre-se que ele é igual aquele seu tio escroto que paga de esperto mas vive perdendo dinheiro com esquema de pirâmide.