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    segunda-feira, dezembro 05, 2022

    Na Copa do Catar, 1001 histórias serão contadas em 39 dias

     




    Marcelo Barreto

    Quando Sherazade começou a contar uma história, o sultão não imaginava que narrativa e narradora chegariam sequer à manhã seguinte. Estava desgostoso com as mulheres por causa de uma traição, e prometeu se casar com uma a cada novo dia, mandando executá-la depois das núpcias. Mas começou a ouvir, foi se interessando e quis muito saber se o personagem principal abriria uma das 40 portas do palácio que servia de cenário. E assim se passaram mil e uma noites.

    Em outras areias de outra época, uma história começou a ser contada no último domingo. E depois da primeira noite, outras foram surgindo e se enredando nelas. Quem abria uma porta no Catar podia ver o filho de um presidente — que já foi o melhor jogador do mundo, mas nunca esteve numa Copa — fazer o gol que o pai sonhou; e, na mesma partida, um pequeno e orgulhoso país celebrar o empate com o primeiro grito depois de 64 anos. Ou podia ver a bola que não entrou, saindo dos pés de um artilheiro que também já ganhou o maior prêmio individual do futebol e parando nas mãos de um goleiro que parece surgir do nada para defender sua seleção a cada Mundial.

    Não são necessariamente histórias que começam e terminam nas 39 noites do Catar. Quando Saka fez seu primeiro gol pela Inglaterra, estava retomando um roteiro interrompido na final da Euro, em outros tempos, em outras terras. O pênalti perdido na final contra a Itália e os insultos racistas que recebeu pela internet quicaram todos juntos, depois que Maguire ajeitou uma bola de cabeça na área do Irã. Foram parar no fundo da rede — com força, mas não com raiva. Os personagens de Sherazade enfrentavam suplícios como ter o olho vazado pela cauda de um cavalo voador. Na vida real do futebol, os desafios são outros, mas também causam dor.

    Entre as seleções que chegaram ao deserto para ser protagonistas, não houve meio termo entre a imposição e a absoluta surpresa — que cria heróis improváveis. Na Arábia Saudita, os pais contarão aos filhos, por gerações e gerações, as façanhas de Al-Dawsari e Al-Owais, os muçulmanos que calaram Messi, o rei dos ocidentais. O Japão celebrará o espírito guerreiro de seus samurais azuis. Em outras culturas, seriam chamados de Davis, por terem derrubado seus Golias — o que Irã, Austrália e principalmente Costa Rica estiveram bem longe de fazer. Também no coletivo, a realidade do futebol pode ser dura.

    Hoje, a noite é do Brasil, que retoma o fio de uma história interrompida pela maior conquista de uma geração. Da Bélgica de 2018 à Sérvia de 2022, foram muito mais de mil e uma noites — de reconstrução do trabalho, de reconquista da confiança.


    E a seleção finalmente pôde levar na bagagem, para o Catar, aquela palavra que pesa: favoritismo. 


    Segue o fio!

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