DIARIO DA COPA 20

 

de RAFAEL CAMPOS ROSA

DIÁRIO DE COPA 20 - A Seleção da Croácia é um time ladino, que se esgueira pelas frestas do posicionamento do adversário, corroendo sua resistência por dentro. Tite tentou evitar essa corrosão sacrificando Richarlison, que jogou quase como meia e empurrando Paquetá para jogadas verticais na direção do gol. A ideia era obrigar Modric a recuar até a entrada da própria área, e arrastar consigo seus escoteiros Perisic e o maria fumaça incansável Brosovic. O efeito, entretanto, foi oposto. Como Didi, no final dos anos 50, Modric e seus mosqueteiros sabem que quem corre no campo é a bola, e o brasil aprendeu isso do pior jeito. Ao invés de esgarçar o time croata, que descia todo como uma linha de 5, os setores brasileiros perderam o contato entre si e o time se desfez em corridas inócuas, carregando a bola de um lado para o outro ou perseguindo o tranquilo e elegante trote croata. Neymar, mais uma vez, jogou somente para a própria notoriedade, e desperdiçou várias jogadas de ataques que culminariam em gols de seus companheiros, até conseguir fazer seu belo e solitário gol da partida.

Já Holanda e Argentina fizeram o mais sensacional jogo do torneio até agora, com direito a grandes lances do técnico Van Gaal, que não se conforma com o fato dos jogadores serem as estrelas do futebol e não os técnicos. E ele quase conseguiu provar isso, tirando um centro-avante perna de pau para colocar outro ainda pior, e que fez dois gols na Argentina, sendo o último uma obra-prima da excentricidade alucinada do técnico holandes. Mas nem o delírio estratégico de Van Gal pode parar o maior jogador do século XXI e seu carismático e maravilhoso goleiro. Ou seja, ao final os craques, inimigos da cruzada histórica de Van Gaal contra o talento atlético, venceram. Na imagem, as peças do tabuleiro de Van Gaal tentam capturar um unicórnio.