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    terça-feira, outubro 18, 2022

    Em igrejas, teoria da conspiração são naturalizadas

     

    1. Damares Alves está muito, muito longe de importar histórias da teoria Q-Anon dos Estados Unidos para o Brasil. E, honestamente, ela também é anterior ao auge do 4Chan. No fundo, Q-Anon bebe na fonte das "conspirações" teológicas-políticas do ultraconservadorismo evangélico.
     
    2. Quem cresceu em igreja, principalmente pentecostal, sabe que teorias da conspiração são “naturalizadas” e quase sempre endossadas acriticamente. No púlpito fala-se de tudo, e você não precisa necessariamente dar evidências de nada. Principalmente se "Deus me mostrou".
     
    3. Nós convivemos ouvindo feitos maravilhosos de Deus de um lado, e teorias da conspiração contra o povo de Deus do outro. Quando eu era adolescente, na década de 90, por exemplo, o povo queria ouvir o testemunho dos que foram “curados de AIDS”. Era "o" testemunho do momento.
     
    4. Em tempo: pessoas como Damares envergonham a igreja porque o testemunho deveria ser um momento genuino e fundamental num culto. Do púlpito, você compartilha experiências que alcançam e animam irmãos e irmãs no banco da igreja. Mas quando se tem projeto de poder não.
     
    5. Mas nós também crescemos ouvindo muitas teorias da conspiração. Todas articuladas com o Apocalipse e a volta de Jesus. Uma dinâmica recorrente no evangelicalismo contemporâneo dos EUA. A indústria de publicação de profecias do fim dos tempos surgiu nas décadas de 1970 e 80.
     
    6. Um bom evangélico que virou da adolescência para a juventude na década de 90 sabe a influência dos livros de Hal Lindsey, como “A Agonia do Grande Planeta Terra” ou “Satanás Está Vivo e Ativo no Planeta Terra”. Mais que livros, eles viraram uma espécie de "revelação".
     
    7. E, obviamente, como ser crente de verdade sem ter assistido qualquer um dos “Deixados para trás”? Afinal, estamos falando de mais de 80 milhões de cópias vendidas. A obra cinematográfica de maior influência na forma de gerações de evangélicos imaginarem o "fim dos tempos".
     
    8. Mas a armadilha foi imaginar que estas teorias permanceriam restritas ao universo evangélico, sem implicações no mundo real, na política americana, ou que não forjaria a visão de mundo do nacionalismo cristão e a “criatividade” de radicais para chegar ao Q-Anon.
     
    9. Por que você acha que Trump e os nacionalistas cristãos da extrema direita dos EUA e Brasil exigem que a embaixada dos países devem mudar para Jerusalém? O que você acha que ainda sustenta a ideia do comunismo como a encarnação do mal? O que sustenta o homeschooling?
     
    10. Um dos principais inspiradores de "teorias" no Brasil foi o ativista evangélico de extrema-direita Julio Severo. Ele foi uma referência para muitas lideranças ultraconservadoras que abraçavam o discurso do medo e da necessidade de destruir o inimigo em nome de Deus. 
     
    11. O ano é 2011, e Severo fez essa postagem no seu famoso blog: “uma menina grávida de 10 anos e outra de 12 foram levadas por suas mães para centros de religiões afro-brasileiras no RJ, onde permanecem internas aguardando o momento de sacrificarem seus bebês aos demônios”.

     

     

    12. Ele faleceu em 2021, e a postagem de Damares Alves sobre ele e sua influência falam por si. Juntos, criavam as mais amedrontadoras histórias de rede de pedófilos, religiosos que sacrificavam crianças, esquerda abortista, perseguidores de cristãos e satanistas
    .
     
    13. Damares não tirou essa história do Q-Anon. A única razão pela qual se chegou a essa conclusão é pela semelhança do teor das histórias. Quase sempre há crianças. Damares faz isso há pelo menos duas décadas. Na verdade, o Q-Anon bebeu da fonte que a forjou. 
     
    14. Neste sentido, o fio feito pelo @AnarcoFino, logo no dia 11, foi o que mais se aproximou do que realmente estar por trás. É tão naturalizado, que ela certamente não esperava que pedissem provas. Era "apenas" mais um testemunho, "não precisa provar".
    15. Este episódio, com muitas análises e conexões precipitadas,só mostra como as limitações de compreensão da complexidade que tem sido trazida pela extrema-direita religiosa apresentam um novo desafio para pensarmos os novos riscos para a nossa democracia.

     

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