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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    segunda-feira, outubro 31, 2022

    E A ESPERANÇA VENCEU O MEDO

     

    no momento em que
    Lula finalmente venceu uma eleição presidencial, em 2002,
    escrevi este poema.
    tá valendo.



    Sim eu sei que eh apenas o inicio de um capitulo na historia
    e que o verdadeiro combate comeca agora
    a campanha veio como agua e levou o pais de roldao
    e agora nas aguas mansas as correntezas contrarias vem aa tona

    Sim eu sei que os donos dos cargos mudam mas os donos do mundo continuam e a euforia no dia a dia vira tedio & frustracao

    E nada do que esperamos pode vir.
    Mas se vier algo, um pouco, um farelo de sonho, um luzir de farol, eh um bom tanto pra quem esperou muito muito muito e

    por favor, me concedam esse instante de suspensao do pessimismo
    me deixem o delirio desse exato momento
    nao me interrompam nesse grito desengasgado

    nao me segurem pelo braco enquanto danco nas ruas
    nem me lembrem da bancarrota enquanto sacudo os meus trapos

    choramos mares de dores e desanimos e me permitam agora ver o mundo pelas lagrimas de alegria - no fluxo das lagrimas lavando a alma de uma multidao

    vermelha, o dia amanheceu vermelho
    e antes que a noite chegue quero viver o piquenique onde o pao e o vinho se multipliquem e a divisao se estabeleca e a soma de tudo nao seja um zero para os alunos e os milhoes para os tutores

    os amores
    de quem se apaixona pelo destino
    sao duros e atribulados
    me deixe agora gozar
    no orgasmo dessa trepada
    onde nao existe mais nada
    a nao ser o desatino
    de um tempo novo imaginado

    40 anos de deserto caminhados
    e agora no alto do monte com josue e moises
    ao longe a miragem de uma terra promissora
    mastigamos o mana das recompensas

    quando descermos o monte esfolaremos os pes na areia ou beberemos o mel com leite dos riachos?

    nao sei, me deixe ficar mais aqui no alto
    daqui eu vejo longe e posso imaginar que estao aqui comigo neste topo as lembrancas daqueles que sairam do egito e nao chegaram
    quando o mar vemelho de sangue se fechou e afogou suas ilusoes
    quando os urubus faraonicos torturaram suas carnicas
    ou o cansaco do tempo decepou suas pernas

    tenha pena, agora, nao me interrompa, estou olhando para a frente
    vejo longe e ouco muito
    posso ouvir todas as cantigas do mundo e elas murmuram
    brilha uma estrela

    na sua luz palida, embora esteja escuro, consigo caminhar ao longe.
    conseguimos.
    caminhar.
    longe.
    e desta vez mais pertos.


    Ricky Goodwin 

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