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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    segunda-feira, outubro 03, 2022

    A democracia na encruzilhada

     A EXTREMADIREITA CRESCE NO VÁCUO DA
    INCAPACIDADE DOS LIBERAIS E DOS PARTIDOS
    DE CENTROESQUERDA DE RESOLVER
    PROBLEMAS BÁSICOS DAS SOCIEDADES

     
    p o r A L D O F O R N A Z I E RI

    2 2 C A R T A C A P I T A L . C O M . B R
    Todas as eleições presidenciais são históricas. No entanto, as deste ano
    agregam uma singularidade a mais pelas circunstân-
    cias em que ocorrem. Os anos recentes
    são marcados por ameaças às democra-
    cias em vários países. O Brasil não fugiu
    disso: o governo Bolsonaro representa a
    mais grave ameaça ao Estado Democrá-
    tico no período pós-ditadura.

     
    Circula a tese de que governos de ex-
    trema-direita que governam países de-
    mocráticos não se reelegem. Foi o caso
    de Donald Trump nos EUA e será o caso
    de Jair Bolsonaro no Brasil. Mas há ex-
    ceções: Viktor Orbán, na Hungria, está
    em seu quarto mandato. A Europa está
    coalhada pela ascensão de partidos de
    extrema-direita. A Itália deverá ser go-
    vernada por uma coalizão de inspiração
    fascista, liderada por Giorgia Meloni. Na
    Suécia, o partido extremista Democratas
    Suecos tornou-se o segundo maior e inte-
    gra um governo de direita. A extrema-di-
    reita consolida-se ainda na França, Ale-
    manha, Áustria, Espanha, Polônia, Bul-
    gária e República Tcheca.

     
    Os destinos da extrema-direita no Bra-
    sil dependem, em boa medida, do resulta-
    do das eleições: se Bolsonaro for derrotado
    no primeiro turno e eleger uma bancada
    pequena de deputados e senadores, ela te-
    rá dificuldade de operar na oposição. Con-
    sidere-se que o Centrão não se subordina-
    rá à liderança de Bolsonaro. Nessas condi-
    ções, para ter autonomia, a extrema-direi-
    ta teria de formar um partido próprio ou
    hegemonizar um dos partidos existentes.

     
    A extrema-direita cresce no vácuo da
    incapacidade dos liberais e dos partidos
    de centro-esquerda de resolver proble-
    mas básicos das sociedades: desempre-
    go, estagnação da renda, pobreza e de-
    sigualdade, saúde, educação, habitação,
    imigração, inflação, preços da energia e
    dos alimentos e crise ambiental. É certo
    que esses problemas foram agravados pe-
    la pandemia e pela guerra, mas existiam
    antes das mesmas.

     
    Os partidos liberais e de centro-es-
    querda, no poder, costumam se insular
    em relação às sociedades, constituem eli-
    tes que se servem dos privilégios públi-
    cos e da corrupção e só recorrem ao povo
    na hora do voto. Seu maior esforço con-
    siste em promover políticas compensa-
    tórias que criam uma falsa sensação de
    distributivismo que disfarça os sistemas
    tributários regressivos.

    Esses partidos não conseguem reter a
    lealdade eleitoral das massas e os partidos
    de centro-esquerda perdem até mesmo a
    lealdade dos trabalhadores, que se deslo-
    cam para as legendas de extrema-direi-
    ta. Com discursos nacionalistas e mora-
    listas, com a defesa de valores conserva-
    dores e apelos a Deus e à religião, essas si-
    glas se revestem de roupagem antissiste-
    ma e prometem soluções heterodoxas que
    combinam ações de Estado, políticas po-
    pulistas e liberdade de mercado.

     
    A extrema-direita, com fórmulas sim-
    ples e vazias de conteúdo, procura via-
    bilizar-se por uma estratégia fideísta
    agregando fidelidades pelo moralismo e
    o conservadorismo. Essas agremiações
    estão ainda numa fase inicial de forma-
    ção e de amadurecimento ideológico. O
    seu agrupamento mais desenvolvido e
    coeso parece aninhar-se no Partido Re-
    publicano dos Estados Unidos.

     
    Tudo indica que a estratégia fideísta vi-
    sa preparar contingentes para uma futura
    “guerra santa”, com o objetivo de assaltar o
    poder e estabelecer regimes autoritários.
    Esse é o desdobramento natural e previsí-
    vel das estratégias fideístas. Os grupos re-
    ligiosos extremados – evangélicos, católi-
    cos e judeus ortodoxos – constituem con-
    tingentes, por excelência, mobilizáveis por
    essa extrema-direita neonazista.
    Orisco potencial de regi-
    mes autoritários e tota-
    litários sempre será uma
    ameaça latente nas zonas
    sombrias da alma huma-
    na. A ideia iluminista da infinita per-
    fectibilidade da humanidade revelou-se
    uma falácia. Assim, precisamos dar razão
    a Kant: “Não é do interior da moralidade
    que surge a boa Constituição do Estado.
    É da boa Constituição que se pode espe-
    rar a boa formação moral de um povo”.
    Não basta Lula vencer as eleições e o
    bolsonarismo colher uma dura derrota.

     
    Da mesma forma, não basta reconstituir
    as instituições e as premissas democrá-
    ticas arruinadas por Bolsonaro. Não é
    suficiente, ainda, implementar políti-
    cas compensatórias de mitigação da po-
    breza e da desigualdade e de recuperação
    do emprego e da renda para dignificar os
    brasileiros mais pobres. Será necessário
    realizar reformas estruturantes, que eli-
    minem os mecanismos que produzem a
    desigualdade e a concentração de renda
    numa perspectiva de longo prazo.

     
    Existem duas tarefas ainda mais di-
    fíceis. A primeira consiste em favore-
    cer a organização e a participação polí-
    tica do povo como forma efetiva de con-
    quista e garantia de direitos. A segun-
    da, imbricada com a primeira, consiste
    em criar afetos, fidelidades, uma adesão
    espiritual a um projeto de país, de na-
    ção e de humanidade. As formas vazias
    da república e da democracia precisam
    ser superadas pelo calor comunitário da
    participação e da mobilização, orienta-
    das por valores universalistas da cons-
    trução de um destino comum para a hu-
    manidade em nosso planeta.

    CARTA CAPITAL  

     



     

     

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