Independência na Bahia eclodiu com levante sufocado e madre assassinada
"A historiadora Patrícia Valim, professora da Universidade Federal da Bahia e que atua em cooperação técnica com a Universidade Federal de Ouro Preto (MG), avalia a época das guerras da Independência nas províncias como um período em que estavam em disputa diferentes projetos de Brasil.
"Tínhamos projetos muito avançados de nação, sobretudo pensado pelas províncias dos chamados atualmente Norte e Nordeste, que foram violentamente derrotados. A Bahia e as demais províncias elaboram projetos extremamente interessantes e vanguardistas para a época", afirma.
O avanço das ideias de vanguarda, contudo, esbarrou na aliança entre os rebeldes brasileiros com os donos de engenhos do Recôncavo, cujo modelo de produção se baseava no trabalho escravo.
Como aponta o historiador Luís Henrique Dias Tavares (1926-2020), proprietários de terras, escravos, engenhos e currais de gado viviam achacados pelos juros de comerciantes portugueses e ficaram ao lado dos brasileiros.
Sérgio Guerra Filho destaca o caráter conservador da Independência, que manteve uma monarquia, a escravidão, o modelo de latifúndio e o exercício da política como um privilégio dos grandes proprietários de terras e escravos.
"A guerra da Bahia tem esse paradoxo. Ela só foi possível com esse grande contingente popular. Mas essas pessoas ficaram a ver navios e não lograram grande parte dos seus anseios de liberdade e melhores condições de vida", afirma."