O projeto de morte do governo Bolsonaro
de SINAIS DE FUMAÇA
Onde estão Dom e Bruno? Quem matou Ari Uru-Eu-Wau Wau? E Maxciel? E Paulino Guajajara e Emyra Waiãpi? Quem fez com que a violência no campo e na floresta explodissem?
Nesse fio traremos alguns casos que vão muito além do acaso no governo Bolsonaro
Bom, para começar que há um projeto muito bem executado em curso por um presidente racista que recentemente disse que "os índios [sic] já são quase como nós".
E isso tem impactos.
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O desgoverno, a boiada, a vista grossa, a crueldade, a indiferença e a negligência são os pontos invisíveis daquele minúsculo e vagabundo programa de governo de Bolsonaro.
https://t.co/WeowBl5b8r
A @cptnacional
tem reportado ano atrás de ano crescimentos em indíces de violência no campo e na floresta. Em 2021, caiu a média geral, mas aumentou em terras indígenas, impulsionado pelo garimpo e pelo crime ambiental.
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Portanto, qualquer recapitulação não irá conseguir dar conta da dimensão da tragédia criminosa que estamos vivendo. Mas registramos, em nosso monitoramento ao longo desses anos, casos que seguem sem resposta e ajudam a entender o que estamos vivendo.
Logo no começo do governo, Bolsonaro lançou um decreto que liberava mais armas no campo. Ele não foi para frente, mas passou um recado bastante claro para capangas, latifundiários e fazendeiros. 3 anos depois, o contingente civil armado é maior do que o das forças de segurança.
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Meses antes, Francisco Pereira, liderança Tukano, foi assassinada.
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Porém desde a eleição, os criminosos ambientais já se mostravam empoderadas para atacar agentes ambientais do Estado.
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Em julho de 2019, Emyra Waiãpi foi assassinado no Amapá por garimpeiros. Bolsonaro tentou relativizar, inocentar os criminosos e defendeu a atividade.
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Em setembro de 2019, na região do Vale do Javari, Maxciel Pereira dos Santos, servidor ligado à Funai, foi executado com um tiro na nuca em uma rua movimentada. O @INAindigenista
havia requisitado previamente proteção aos trabalhadores da Funai.
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Em novembro daquele ano, Paulino Guajajara, guardião da floresta e agente de proteção florestal por seu povo, no Maranhão, foi assassinado por madeireiros na TI Araribóia.
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Um mês depois, Firmino e Raimundo Guajajara foram assassinados no Maranhão.
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Em janeiro de 2020, a @hrw_brasil
foi taxativa: "As ações do governo deram carta branca à atuação de redes criminosas na região e os ataques de Bolsonaro à fiscalização ambiental colocam em risco não só a Amazônia mas também ativistas".
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Ari Uru-eu-wau-wau, outro guardião da floresta e membro de grupos de vigilância florestal auto-organizados, foi assassinado depois de uma série de ameaças em Rondônia.
O caso, como quase todos apresentados aqui, segue sem solução.
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Mostrando a capilaridade do milicianismo bolsonarista, fazenderios do MS montam um "caveirão rural", em um trator, para atacar e ameaçar indígenas Guarani Kaiowá.
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Em janeiro de 21, José Vargas , advogado das vítimas do massacre de Pau D'Arco, que aconteceu em 2017 no Pará, foi preso e ficou detido por quase um mês. No dia seguinte à sua soltura, Fernando Santos do Araújo, considerado a principal testemunha do massacre, foi executado.
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Fernando, que sobreviveu ao massacre, denunciava ameaças há algum tempo.
https://t.co/ZjQhkcnguR
Ainda no começo de 2021, liderança do povo Tembé, Izaka Tembé, foi assassinado por um PM. Os Tembé Theneteraha são alvo constante de perseguição e ameaças. Em 2019, no qual o MPF requisitou à intervenção do estado para proteger os indígenas de criminosos ambientais.
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Um mês depois, outro Tembé, Didi, foi assassinado.
Será que dessa vez a polícia disse que ele reagiu?
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Maio de 2021 também foi marcado pela escalada da violência do garimpo contra indígenas Yanomami, que enfrentam abandono e negligência.
Bolsonaro costuma usar a TI como exemplo de um lugar que precisa ser explorado pela atividade mineira.
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Ainda em maio, a casa de Maria Leusa, liderança Munduruku, foi queimada durante ataque de garimpeiros.
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A @CPT alertou: 2020 registrou um terrível recorde histórico em conflitos no campo.
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Os ataques intensos aos yanomami seguiram por meses, sob a inação do Estado que deveria proteger as terras.
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Dois dias depois da @ONUBrasil
cobrar o governo Bolsonaro pela escalada de violência contra indígenas, um avião de garimpeiros atropelou e matou Edgar, um jovem yanomami.
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A violência foi tanta que a @ApibOficial
lançou um dossiê documentando e compilando tudo. Você pode ler aqui:
https://t.co/tseWiuwHx0
O "caveirão" seguiu ameaçando os Guarani Kaiowá. E os fazendeiros também.
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Essa matéria da @adaniellelouise para a @EAtivismo
mostra que entre 2019 e 2021, sete casas de reza dos Guarani Kaiowá foram queimadas. E que isso é uma estratégia de guerra.
https://t.co/Yh7XQGwA4f
Um relatório da @Global_Witness mostrou, em Set/21, que o Brasil é quarto país que mais mata ambientalistas.
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Mais um exemplo de violência institucional: a @funaioficial
tem renovado com atraso a portaria da TI Piripkura, onde vivem dois dos últimos membros de sua etnia, os Piripkura. As renovações, de 6 meses ao invés de 2 anos, passam um recado claro aos desmatadores.
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Em outubro de 21, uma tragédia criminosa: duas crianças yanomami morrem ao serem sugadas por uma draga do garimpo.
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Menos de um mês depois, indígenas isolados foram assassinados por garimpeiros na TI Yanomami.
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Registramos que o mês de novembro de 21 foi duro para defensores do meio ambiente e indígenas. @Alkorap1
foi ameaçada e teve sua casa destruída e @walela15
sofreu com ataques de ódios. E diversos outros povos sofreram com violências e ameaças.
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Em janeiro de 22, uma família de ambientalistas foi assassinada brutalmente em São Félix do Xingu, capital brasileira do desmatamento. Meses antes grileiros haviam ameaçado e forçado caciques a assinar portaria ilegal reduzido uma TI.
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Ainda não acabou, infelizmente tem mais, já seguimos.
Quilombolas relataram estar sob ameaça por capangas de fornecedora da @Nestle , segundo denunciou @ZukerFabio
no @ojoioeotrigo em fevereiro.
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Ainda em fevereiro, o filho de 9 anos de uma liderança rural foi executado na Zona da Mata de Pernambuco e indígenas relataram estar sob ataque de armas químicas, na forma de agrotóxico despejado sobre as aldeias.
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E Ilma e Edson Rodrigues, da Liga dos Camponeses Pobres, foram assassinados em Rondônia.
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Em março, o jovem pataxó Vitor Souza foi assassinado na Bahia durante uma invasão de uma festa clandestina em seu território.
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Em maio, ameaças em Anapu, no Pará, reavivaram temores de assassinatos. Foi lá que Dorothy Stang foi morta. Alex Recarte, jovem guarani kaiowá, também foi assassinado.
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E chegamos em junho, apreensivos, enquanto redigimos em nossa linha do tempo, de onde saíram as notícias aqui, sobre Bruno e Dom. Esperando o melhor, mas temendo.
https://t.co/Y2a0b4hAWX
Fazer esse levantamento que fazemos é sempre uma tarefa ingrata e incompleta. Vivemos no país dos desaparecidos, das ameaçadas, das execuções e das milícias. Quantas mortes não-computadas acontecem em nossas florestas e campos? Quantos indígenas isolados?
O que queremos mostrar aqui, com essa retrospectiva exaustiva e falha, é um pouco do projeto de morte do projeto de morte do governo Bolsonaro. A Amazônia, que viu Dom e Bruno desaparecer, é uma Amazônia que vem sendo desmontada, desconstruída e tendo sua destruição incentivada..
Enquanto isso, indígenas, ribeirinhos e ativistas cortam os rios do Vale do Javari em busca de seus amigos e aliados.
Tal qual os Munduruku, Yanomami, Uru Eu-Wau-Wau, Tembé e incontáveis outros povos tiveram que fazer com mais intensidade nos últimos anos: se organizar para se defender e defender a floresta. O que, no final das contas, são a mesma coisa.