Vargas Llosa: A meritocracia do liberal

FELIPE BETIM:

 

Vou contar uma historinha pessoal que envolve Mario Vargas Llosa.

Em 2014, eu era estagiário do El País em Madri na editoria América, que editava o jornal impresso que era distribuído na região. Um dia, ao chegar na redação, sou apresentado a um novo colega: Sebastian Llosa. 1/

 

Para quem não sabe, Mario Vargas Llosa é colunista do El País há anos e muy amigo da alta chefia.

Eu e meus colegas não nos demos conta na hora, mas logo começamos a suspeitar que aquele rapaz engomadinho, com mocassim e relógio de rico, tinha algum parentesco com o homem. 2/

 

Além do sobrenome, o rapaz, recém-formado em Economia por Yale e sem nunca ter pisado numa redação, começou a escrever uns textos com extrema fluidez sobre cultura e literatura latino-americana. Será que ele tinha um ghost writer por trás?🤔 3/ 

 

Como a gente gosta de uma boa fofoca, começamos a investigar. E nem precisou de muito: no final, num dia de muita cerveja, ele mesmo admitiu que tava passando uma temporada em Madri "con mi tío Mario". 4/

 

Ele tinha acabado de sair de Yale, mas estava indeciso sobre o que fazer. Então "tío Mario" providenciou pra ele uma tour como "estagiário" pelos meios de comunicação da empresa. Antes de aterrissar no El País, ele tb passou pela rádio e pela TV.

Oportunidade é tudo, né? 5/

 

Ingênuos que éramos, demos a sugestão de ele fazer a pós-gradução em jornalismo que eu e outros colegas estagiários tínhamos feito. Eis que o cabra meteu essa: "Mas pra que? Eu mesmo sem estudar nada já tô assinando reportagem no El País". 🤡🤡🤡🤡 6/

 

"Llosy" ficou algumas semanas trabalhando com a gente. Gostou tanto da tour que virou cantor.

Enfim, amigos, é assim que funciona a meritocracia do liberal. 7/