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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    domingo, maio 29, 2022

    O BOM SAMARITANO

     

    Há 37 anos, o sacerdote mantém a mesma rotina. “Hoje eu encontrei Jesus“, costuma escrever, ao publicar a foto de um irmão na rua - Imagem: Renato Luiz Ferreira

    Há 37 anos, o sacerdote mantém a mesma rotina. “Hoje eu encontrei Jesus“, costuma escrever, ao publicar a foto de um irmão na rua - Imagem: Renato Luiz Ferreira 

     EM MEIO A UMA CRISE HUMANITÁRIA
    SEM PRECEDENTES, O PADRE
    JÚLIO LANCELLOTTI SIMBOLIZA
    A ESPERANÇA EM DIAS MELHORES

     ""É para partilhar co-
    mo irmão, não
    igual patrão. Não
    quero ver nin-
    guém pegar mais
    do que precisa e
    deixar o outro sem
    agasalho no frio”, orienta o padre Júlio
    Lancellotti, momentos antes de distri-
    buir as roupas doadas à Paróquia de São
    Miguel Arcanjo, na Mooca, Zona Leste
    de São Paulo, às duas dezenas de sem-te-
    to que haviam acabado de participar de
    uma roda de conversa com ele e um céle-
    bre visitante, o rapper Emicida.


    Na manhã da segunda-feira 23, as
    temperaturas na capital não estavam
    tão baixas quanto na semana anterior,
    quando o sacerdote de 73 anos salvou
    dois homens da hipotermia, mas presen-
    ciou a morte de um terceiro na fila do ca-
    fé da manhã no Núcleo de Convivência
    São Martinho. Na madrugada da quar-
    ta-feira 18, durante uma ronda na re-
    gião da Luz, o religioso não precisou ca-
    minhar mais que 3 quilômetros para en-
    contrar um homem com o corpo enrije-
    cido e os lábios arroxeados na calçada da
    Rua Prates. Chamou uma ambulância e
    prestou os primeiros socorros. A inter-
    venção não alterou a rotina na manhã se-
    guinte. Como faz todos os dias, acordou
    antes de o sol se firmar, celebrou a mis-
    sa das 7 e empurrou seu carrinho de su-
    permercado, repleto de pães e donativos,
    pelas ruas do bairro até o centro comu-
    nitário, a poucos quarteirões da igreja.
    Surpreendido com a notícia da morte de
    Isaías de Faria, de 66 anos, que sofreu uma
    convulsão na fila de espera pela primeira
    refeição do dia, o padre mal teve tempo de
    digerir o luto. Precisou socorrer outro ir-
    mão das ruas com hipotermia. “Cansa de
    falar, cansa. Porque, se aqui está assim

     você imagina por aí, como tudo está”, de-
    sabafou, com voz trêmula e olhos mareja-
    dos, pouco depois de aquecê-lo com uma
    manta térmica. Todos os anos, a tragédia é
    reencenada, só mudam os nomes dos ato-
    res, mas a cidade vive uma crise humani-
    tária sem precedentes, avalia o padre. Em
    apenas dois anos, a população em situação
    de rua cresceu 31% em São Paulo, segun-
    do o último censo da prefeitura. Quase 32
    mil cidadãos dormem em abrigos manti-
    dos pelo Poder Público ou debaixo das
    marquises e viadutos."

     

    LEIA REPORTAGEM DE RODRIGO MARTINS 




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