Indulto engatilhado

Os milicianos têm método. Em sua expansão territorial no Rio, saindo da zona oeste em direção à zona sul, eles oferecem guaritas de segurança nas ruas. Após a recusa, vem a onda de furtos e roubos de celulares e carros, os quais —por milagre!— são encontrados intactos no dia seguinte. Cria-se a situação e, com ela, nova oferta de proteção, ameaçadoramente irrecusável. É o teatro do crime.
Em Brasília encena-se no momento o teatro do golpe. O deputado Daniel Silveira —ex-PM que rasgou a placa em homenagem a Marielle Franco— sabia desde sempre que seria condenado pelo STF e poderia pegar longo tempo de prisão e perder os direitos políticos. Mesmo assim, fez o jogo do chefe, pois também sabia que o indulto estava engatilhado. A bela palavra "graça" nunca foi tão aviltada.
Em arranjo disposto nos mínimos detalhes, Silveira —que nas últimas semanas conversou diversas vezes com Bolsonaro e os generais do Planalto— nem disfarçou suas intenções. Ao contrário, agiu da maneira mais exibicionista possível, recusando-se a usar