Do Leste russófilo ao Oeste onde colaborador de Hitler é cultuado, trajeto de motorista da Ucrânia reflete divisões históricas do país

Um ônibus de transporte militar ucraniano é atacado por mísseis russos na região de Sumy, no dia 24 de fevereiro, primeiro dia da invasão Foto: YAN BOECHAT / .
"Conheci Maxim naquela manhã estranha de 24 de fevereiro. Horas antes eu havia despertado com duas notícias impactantes. A primeira era de que a guerra que pouca gente acreditava ser possível começara. A segunda era de que minha tradutora e seu marido, meu motorista, desapareceram do decadente Hotel Ukraina em que estávamos hospedados. Partiu para cuidar da família e deixou a mim e a uma colega para trás sem nem mesmo nossos coletes à prova de bala e capacetes. Com informações desencontradas de ataques e avanços das tropas russas, decidimos que o melhor a fazer era sair da região de Donbass o mais rápido possível para não corrermos o risco de, na melhor das hipóteses, sermos presos pelos soldados russos.
Maxim estava trabalhando havia alguns dias como motorista de dois jornalistas americanos com os quais já cruzei em alguns conflitos. Naquela manhã enfiamos todas as malas e nos esprememos no Skoda Fábia de Maxim. Nosso destino era Dnipro, no Centro do país e o mais longe possível da fronteira com a Rússia. Deu tudo errado. As estradas estavam fechadas e terminamos na cidade mais próxima da fronteira, Kharkiv, que estava sendo bombardeada pela artilharia russa. Os dois colegas decidiram ficar na cidade para assistir ao que acreditavam ser uma cena histórica: tanques russos desfilando dentro da segunda maior cidade ucraniana. Eu e minha colega tínhamos planos mais ambiciosos: assistir à mesma cena em Kiev. Maxim decidiu seguir viagem conosco."

Maria e Jesus em cartaz com a iconografia típica da Igreja Ortodoxa numa estrada da Ucrânia Foto: YAN BOECHAT / .
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